O secretário de Estado adjunto da ministra da Administração Interna, Fernando Alexandre, apresentou o pedido de demissão ao primeiro-ministro, segundo avançou esta quarta-feira Antena 1. Fonte do Governo confirmou ao Observador a informação e explicou que, em causa, estão incompatibilidades com a ministra da Administração Interna, Anabela Rodrigues, e falta de articulação em várias matérias, nomeadamente nas negociações do novo estatuto da PSP, das quais Fernando Alexandre acabou por ser afastado.

Entretanto o Presidente da República já exonerou o secretário de Estado, de acordo com a nota divulgada no site da Presidência da República.

O economista e professor na Universidade do Minho Fernando Alexandre entrou para a equipa do ex-ministro da Administração Interna Miguel Macedo em abril de 2013. Nascido a 4 de janeiro de 1972, na Gafanha da Nazaré, Fernando Alexandre, é professor associado do Departamento de Economia da Universidade do Minho, desde outubro de 2009, e concluiu a licenciatura e o mestrado em economia na Universidade de Coimbra.

Fonte da Direção Nacional da PSP reconheceu ao Observador que as relações com o secretário de Estado adjunto já não eram boas na altura do então ministro Miguel Macedo. “Tinha sempre uma postura sobranceira em relação à polícia. Era um académico muito pouco político e com pouca sensibilidade para as questões da instituição”, disse um oficial. Essa falta de “sensibilidade” terá levado os próprios órgãos máximos da PSP a optar por lidar diretamente com a ministra com o que tinham que levar a despacho. “Ela própria mostrava abertura para isso, por isso o afastamento foi-se concretizando”, disse.

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Oficiais de Polícia lamentam saída de Fernando Alexandre

Uma visão muito diferente tem o Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia (SNOP), que considerou esta quarta-feira que a capacidade do Ministério da Administração Interna (MAI) em resolver os problemas da PSP ficará “ainda mais debilitada” com a saída do secretário de Estado.

“Aquilo que temos assistido desde que esta equipa ministerial tomou posse é uma incapacidade em resolver os problemas, o secretário de Estado estava no cargo desde o tempo de Miguel Macedo, estava por dentro dos assuntos e sempre demonstrou vontade e capacidade em resolver alguns problemas, naturalmente que saindo a capacidade para resolver os problemas vai ficar ainda mais debilitada”, disse à agência Lusa o presidente do SNOP.

Henrique Figueiredo adiantou que os polícias ficaram “apreensivos e preocupados” com o pedido de demissão do secretário de Estado Adjunto da ministra da Administração Interna, Fernando Alexandre.

“Estamos muito preocupados porque estamos a muito pouco tempo do ministério ficar sem capacidade legislativa para resolver os problemas”, adiantou o presidente do sindicato que representa a maioria dos oficiais que comanda a PSP.

Sublinhando que o secretário de Estado adjunto “sempre foi um interlocutor privilegiado com as forças de segurança, nomeadamente com a PSP”, o presidente do SNOP destacou matérias que registaram avanços na Polícia e que foram da responsabilidade de Fernando Alexandre, como instalações policiais, equipamentos concursos de promoção.

Henrique Figueiredo disse ainda que se tem assistido “a uma quase total inércia da parte do Governo para resolver os problemas” da Polícia, questões que estão não só relacionadas com o estatuto, mas também com concursos de promoção nas várias categorias, fardamento, taxas de atos administrativos praticados pela PSP e regulamento disciplinar.

[Atualizado pela última vez às 18h30 com a confirmação da exoneração]