Que da próxima reunião do Eurogrupo não se esperava um acordo entre a Grécia e os credores já era assumido publicamente, mas as negociações parecem ter dado mais um passo atrás. Nos encontros recentes que teve com alguns dos seus homólogos da zona euro, o ministro das Finanças grego entregou um plano de reformas que difere em muito do que está a ser negociado em Bruxelas, noticia o Wall Street Journal.

Depois de uma muito tensa reunião do Eurogrupo em Riga, no início de maio Yanis Varoufakis foi substituído nas negociações com a troika por Euclid Tsakalotos, um economista de Oxford próximo do vice-primeiro-mininstro Yannis Dragasakis.

Após esta substituição (Varoufakis continua com chancela sobre os trabalhos), os líderes europeus e gregos desdobraram-se em declarações sobre progressos e melhor clima nas negociações.

Agora, Yanis Varoufakis parece ter voltado a deixar os responsáveis europeus à beira de um ataque de nervos. O documento de 36 páginas a que o jornal norte-americano teve acesso, terá, em primeiro lugar, previsões económicas substancialmente diferentes das feitas por Bruxelas e apresentadas ainda na semana passada.

Mas a parte que mais está a preocupar os responsáveis europeus será a que contém os planos de reformas da Grécia. Os planos de Varoufakis, segundo os mesmos responsáveis, serão muito diferentes do que está a ser negociado entre os credores e Atenas.

“Quase não existe ligação ente este plano e as negociações em curso”, disse um responsável europeu citado pelo jornal, acrescentando que “este parece um bom programa para um país que não tem qualquer problema de financiamento, mas que só quer acertar o passo e ser um destino turístico simpático”.

Um dos pontos mais criticados será o da criação de um banco mau, para absorver o crédito malparado dos bancos comerciais. Os responsáveis europeus dizem que ao plano de Varoufakis falta-lhe a forma de o financiar. “Convenientemente, o financiamento do banco mau não está tratado – ele diz que nos manda o cheque”, disse.

“O problema é que Varoufakis não parece estar totalmente em linha com [o primeiro-ministro grego, Alexis] Tsipras”, disse outro responsável.