“Diz-se quando alguém está de saída, constituindo uma maneira ofensiva de se despedir“. É este o significado, de acordo com um dicionário de expressões idiomáticas criado pela Universidade do Minho, da expressão utilizada pela Telepizza Portugal para responder a um cliente que utilizou a rede social Twitter para se queixar do facto de a cadeia de pizzarias ter deixado de servir refrigerantes da Coca-Cola e trocado essa marca pela rival Pepsi. “Vai pela sombra”, ouviu o cliente, numa resposta que fonte oficial da empresa atribui ao “tom comunicacional amistoso, próximo e humorístico que a marca tem”.
OK @kukfigs Vai pela sombra. ;)
— Telepizza Portugal (@TelepizzaPt) May 25, 2015
A expressão utilizada pela conta oficial da Telepizza, gerida por uma empresa externa, provocou alguns comentários menos positivos de utilizadores.
@kukfigs Os portugueses ainda não sabem o tipo de impacto que o twitter tem! a resposta que te foi dada pela @TelepizzaPt é inadmissível! :/
— Helena Fonseca (@mhcfonseca) May 25, 2015
Ainda através do Twitter, a Telepizza voltou a retorquir.
Quem vem à Telepizza de certeza que não é pelas coca-colas @kukfigs Just saying…
— Telepizza Portugal (@TelepizzaPt) May 25, 2015
A discussão continuou.
@TelepizzaPt não é certamente, mas "vai pela sombra" também não traz muita gente. Just saying… @kukfigs
— Marta Spínola (@Pinilla84) May 25, 2015
Telepizza lamenta mal-entendido
Fonte oficial da Telepizza diz ao Observador que “não se trata aqui de uma atitude de desrespeito ou de ofensa, mesmo estando a falar de uma rede social onde por vezes o discurso é um pouco mais informal”. “Lamentamos que o comentário tenha sido menos bem interpretado do que gostaríamos”, diz a mesma fonte, sublinhando que “tudo não passou de uma brincadeira”.
Esta não é a primeira vez que se proporcionam, nos últimos anos, interações nas redes sociais pouco felizes entre marcas e utilizadores. No início de 2013, a Sumol+Compal viveu uma situação semelhante quando o gestor da página de Facebook da marca de refrigerantes deu uma resposta politicamente incorrecta. Perante o despedimento coletivo de 70 colaboradores, um utilizador escreveu no perfil da Sumol+Compal que iria considerar “o não consumo de Sumol de Laranja”. A resposta que se seguiu gerou polémica: “Sempre tens o ananás, o limão e o maracujá!“.
https://twitter.com/pereirajoaof/status/289510546288562176
O comentário, recorda o Dinheiro Vivo, chegou a suscitar o alerta de outro utilizador: “[De] Certeza que esta é a página oficial da Sumol? É que dar uma resposta destas a uma crítica de um consumidor é de bradar”. Mais tarde, o gestor da página viria a pedir desculpas, afirmando que “infelizmente a conjuntura atual promove este tipo de situações”. Atualmente, o link para os comentários em questão já não se encontra disponível.
Dois anos antes, outro caso. Uma utilizadora declarou-se, em outubro de 2011, contra o plano nacional de barragens na página de Facebook da EDP. Em resposta, a empresa escreveu que o comentário ia contra o código de conduta instituído — o qual rejeitava comentários de spam, difamações ou injúrias, segundo o Jornal de Negócios –, pelo que seria forçada a apagá-lo.
A resposta tornou-se viral, à semelhança do que aconteceu com o caso da Sumol+Compal, e fez com que a Energias de Portugal alterasse a privacidade da página e bloqueasse a publicação de comentários de utilizadores da rede social. Mas a instituição não se ficou por aqui e acabou mesmo por suspender o perfil de Facebook.