A requalificação que a Câmara de Lisboa quer realizar no eixo Saldanha-Picoas, prevê a redução da velocidade e a supressão de vias nas avenidas da República e Fontes Pereira de Melo, revela o estudo de tráfego da autarquia.

Segundo o documento, a que a agência Lusa teve hoje acesso, o objetivo é “aumentar a qualidade do espaço público” nestas avenidas, através de passeios mais largos e “com pavimentos confortáveis e seguros” e de passadeiras remodeladas.

Ao mesmo tempo, será criada uma “pista ciclável em ambas as laterais, transformando as vias laterais de trânsito em vias de trânsito local (30 quilómetros/hora) e desincentivando a sua utilização de forma contínua”.

A autarquia quer ainda “aumentar o número de árvores plantadas para aumentar a captura de CO2 [dióxido de carbono]”, acrescenta o Estudo de Tráfego do Eixo Central, datado de setembro.

Para isso, serão criados “passeios laterais de dimensões mais generosas e um separador central arborizado” na Avenida da República.

Nesta avenida, com cerca de 1,5 quilómetros, uma via lateral em cada um dos sentidos de circulação vai dar lugar a estacionamento, enquanto uma outra via, localizada entre a lateral e a via central, passará a ser usada como ciclovia.

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Restam “três vias centrais rodoviárias em cada um dos sentidos de circulação”, sendo uma delas, em cada sentido, exclusiva para transportes públicos (corredor BUS).

Será ainda permitido virar à direita a partir do eixo central da avenida.

Na Avenida Fontes Pereira de Melo, que tem uma extensão de quase um quilómetro, elimina-se a viragem à esquerda “junto ao edifício Fórum Picoas” e altera-se a circulação no troço nascente da Rua Pinheiro Chagas, que passará a ser feita no sentido poente-nascente.

São, ainda, introduzidos dois sentidos de circulação na Rua Tomás Ribeiro.

A Câmara pretende, assim, ordenar as “condições de utilização e usufruto do espaço público de ambas as avenidas” e eliminar os “obstáculos à circulação pedonal”, apostando ainda na “circulação em modo ciclável”, segundo o documento.

O estudo foi elaborado pela empresa Transportes, Inovação e Sistemas (TIS) a pedido da autarquia e traduz-se na revisão do documento anterior, de junho.

No início de setembro, a Câmara aprovou a contratação de uma empreitada pelo valor máximo de 9,4 milhões de euros (11,5 milhões incluindo o Imposto sobre o Valor Acrescentando – IVA) para iniciar a requalificação do eixo entre Picoas e o Saldanha, ao abrigo do programa “Uma praça em cada bairro”.

Na altura, o vereador do CDS-PP, João Gonçalves Pereira, criticou o facto de os munícipes não terem sido ouvidos, adiantando que a empreitada “vai colocar enormes problemas de congestionamento e terá um enorme impacto no trânsito”, razões pelas quais votou contra.

Moradores desta zona da cidade promoveram, na passada segunda-feira, um plenário sobre esta intervenção, exigindo que a Câmara os envolva no processo, já que temem implicações no estacionamento e no tráfego.

Os residentes devem voltar a reunir-se na terça-feira.

Na quarta-feira, o vereador do Urbanismo da autarquia, Manuel Salgado, salientou que a empreitada vai aumentar o estacionamento disponível, que passa de 6.137 lugares em parques subterrâneos para 6.565, apesar de serem reduzidos 300 à superfície.