O advento das publicações, virtuais ou impressas, dedicadas aos assuntos que giram em órbita do chamado lifestyle teve algumas consequências nefastas para a língua portuguesa. Uma delas foi a súbita proliferação de neologismos supérfluos dos quais esplanadar será, porventura, o exemplo mais flagrante. Nascido da necessidade de arranjar uma forma criativa de escrever sobre um tema — esplanadas — mais gasto do que pneus de táxi, o termo passou de engraçadismo pontual a recurso estilístico recorrente, ao ponto de, à hora a que se escreve este artigo, uma pesquisa no Google denunciar cerca de 2000 utilizações.
Do lado dos empresários houve, por sua vez, uma aposta firme na anglicização do léxico relacionado com a temática. As inúmeras sunset parties em rooftops com happy hours e zonas lounge regadas a cocktails são disso prova. Mas convenhamos: esta coisa de beber e comer à fresca é um fenómeno muito menos recente do que a invenção de um verbo para definir a prática ou a importação de expressões alheias para a enfeitar. E é isso que se pretende recordar nesta fotogaleria: as esplanadas de Lisboa noutros tempos, da Avenida da Liberdade ao Rossio, do Parque Eduardo VII ao Cais do Sodré e onde pontificavam, quase sempre, as míticas cadeiras Gonçalo. Aqui não se esplanadava, convivia-se.