Três dezenas de moradores do Parque das Nações, em Lisboa, formaram esta quarta-feira um cordão humano em protesto pela substituição dos arbustos centrais na Avenida D. João II por calçada portuguesa, uma intenção da Junta de Freguesia.

A ação, organizada pela associação de moradores “A Cidade Imaginada”, estava marcada para as 18h00 e, pouco a pouco, foram chegando as pessoas à Gare do Oriente.

De acordo com o representante José Baltasar, a iniciativa visa “protestar contra a degradação do património territorial muito rico da zona”.

“Eu acho que é um contrassenso da política urbanística que a Câmara de Lisboa tem posto em prática. Por toda a cidade fazem separadores centrais com arbustos, até, imagine-se, na Segunda Circular, enquanto aqui no Parque das Nações querem fazer o contrário”, afirmou.

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As motivações do grupo, acrescentou José Baltasar, não só a nível estético, mas também de segurança.

“Com o calcetamento as pessoas vão atravessar a estrada em todo o lado, enquanto com os arbustos não o faziam”, sustentou,

Segundo Célia Simões, a presidente da associação de moradores “A Cidade Imaginada”, a Junta de Freguesia nunca apresentou nenhuma outra solução, senão a do calcetamento e apontou “vários problemas de abandono” no Parque das Nações.

“Vêm aqui ao Parque das Nações um milhão de visitantes por ano, portanto este património não é só dos moradores, é de todos”, sublinhou.

Segundo a representante, os moradores já apresentaram um abaixo-assinado com 6.500 assinaturas a protestar contra a medida.

“Não devia ser nem empedrado nem cimentado, mas como houve total descuido durante estres três anos e a solução apresentada foi a do calcetamento. Já antes tinha proposto até cimentar, portanto, até já houve algum recuo. Mas o que reivindicamos é que se utilize a vegetação porque é disso que as pessoas precisam”, concluiu.

O presidente da Junta de Freguesia do Parque das Nações, admitiu à Lusa, na terça-feira, que os arbustos podem ser mantidos no separador central da Avenida D. João II, mas a proposta para ser calcetada será votada ainda hoje à noite em assembleia de freguesia.

A proposta prevê a remoção do sistema de rega, de “toda a vegetação arbustiva” e a preparação do separador central para aplicação da calçada, numa intervenção que terá um custo de 47,4 mil euros.