Podia ter sido só mais um jogo de voleibol de praia feminino durante os Jogos Olímpicos, mas nesta partida não foram os passes que deram que falar, antes os equipamentos com que as jogadoras se apresentaram em campo. Em causa está o duelo protagonizado pelo Egito e pela Alemanha, países que estiveram frente a frente este domingo à noite, dia 7 de agosto, em Copacabana.

A partida entre as equipas alemã, composta por Laura Ludwig e Kira Walkenhorst, e egípcia, com Dooa Elghobashy e Nada Meawad, representou algumas das imagens mais marcantes dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro.

Enquanto as alemãs surgiram diante do público com o habitual biquíni desportivo, as duas mulheres provenientes do Egito vestiram de acordo com a tradição islâmica, ao jogarem com um traje de corpo inteiro — apesar das elevadas temperaturas que se faziam sentir — e com o hijab na cabeça, a cobrir os cabelos.

O contraste entre os equipamentos das equipas cativou a atenção de quem assistiu ao jogo — tanto nas bancadas como à distância de uma televisão. Prova disso, escreve o espanhol ABC, foi o facto de este ter sido um dos assuntos mais comentados nas redes sociais.

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No final, a equipa alemã saiu vencedora, ganhando dois “set”a zero (21-12 e 21-15). As egípcias, por sua vez, estão obrigadas a vencer o Canadá e a Itália caso queiram chegar às rondas finais da competição.

De referir que o ayatollah Ali Khamenei, líder supremo do Irão, utilizou a sua conta de Twitter para afirmar que as mulheres iranianas provaram, em plenos Jogos Olímpicos, que é possível ser-se mulher, modesta, usar um véu e, ao mesmo tempo, ser bem sucedida.

No entanto, o choque de culturas não é apenas visível através do equipamento. Exemplo disso foram os Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, que aconteceram ao mesmo tempo que o período do Ramadão, mês em que os fieis islâmicos têm de jejuar durante o dia, o que deixou muitos atletas com um verdadeiro dilema.