Os peritos que assinaram as autópsias dos militares do 127.º Curso dos Comandos Hugo Abreu e de Dylan Silva foram inquiridos durante a tarde de quinta-feira e na sexta-feira pela Polícia Judiciária Militar, apurou o Observador. Depois de dois enfermeiros militares terem sido constituídos arguidos por omissão de auxílio e abuso de autoridade por ofensa à integridade física neste caso, as respostas dos peritos poderão conduzir a mais arguidos nos próximos dias.

As autópsias aos dois militares foram entregues nos dias 27 e e 28 de outubro. A primeira, foi a de Hugo Abreu, entregue a um procurador de Benavente, a segunda foi a de Dylan Silva, entregue à procuradora Cândida Vilar do Departamento de Investigação e Ação Penal. Mas os peritos que assinaram os dois documentos que explicam em que estado estavam os militares e as possíveis causas da sua morte ainda não tinham sido ouvidos pelos investigadores. O Observador apurou que estas inquirições decorreram na tarde de quinta-feira e durante a sexta-feira e que poderão conduzir à constituição de mais arguidos neste processo.

Entretanto o jornal Expresso teve acesso à autópsia de Hugo Abreu, que confirma que este morreu por golpe de calor. O documento de 19 páginas, a que o jornal Expresso teve acesso, levanta, no entanto, algumas dúvidas relativamente a lesões traumáticas que o militar apresentava na cabeça, no abdómen e nos membros e de um “material estranho” encontrado nos pulmões.

Segundo o semanário Expresso, Hugo Abreu apresentava lesões na cabeça, no abdómen e nos membros que terão sido provocadas por um objeto “de natureza contundente”, que podem ter tido origem na instrução militar. Por outro lado, nos pulmões do militar foi encontrado “um material estranho”, com aspeto de “grãos de arroz que submergem na água”, o que poderão ser vestígios alimentares que o militar tenha aspirado depois de vomitar. Descartada fica a suspeita de que o militar pudesse ter tomado qualquer substância antes do treino. As análises toxicológicas deram resultados negativos tanto para álcool, como para drogas. As substâncias encontradas terão sido administradas já na fase do socorro.

O relatório da autópsia veio ainda revelar algumas falhas no socorro da vítima, afirma o Expresso, nomeadamente no facto de ele não ter sido imediatamente transportado a uma unidade hospitalar, do soro administrado não ter sido o mais adequado ou a falta de reação ao agravamentos das condições neurológicas do instruendo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR