“É no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade”

Não é preciso um pensamento kantiano para se perceber o segredo do sucesso alemão no futebol neste século: após a humilhação da seleção frente a Portugal no Europeu de 2000 (com aquele mítico hat-trick de Sérgio Conceição, o destaque numa equipa de “reservas”), os germânicos desenvolveram um projeto a médio/longo prazo para retomarem o caminho de sucesso que um dia levou o avançado inglês Gary Lineker a dizer que “no futebol são 11 contra 11 e no fim ganha a Alemanha”. Para mal do Benfica, na última época e este ano, ainda continua a dar frutos.

A obrigatoriedade de todos os clubes dos dois principais escalões terem uma academia de formação e a forte aposta no jogador local foram as duas grandes “teorias” acompanhadas de uma ação prática – foram investidos quase mil milhões de euros em estádios, academias, campos relvados e tecnoclogia de ponta para o desenvolvimento físico e técnico. Entre outras medidas, houve também uma preocupação específica na formação de treinadores. Com tudo isto, os espetáculos melhoraram, as receitas televisivas (com a centralização dos direitos, esse tema proibido em Portugal) e de merchandising dispararam e a taxa de ocupação ainda agora ronda os 100%.

Na seleção, os resultados estão à vista: nos últimos três Campeonatos do Mundo ficaram entre os três primeiros lugares (ganhando a última edição do Mundial, em 2014, no Brasil). A nível de clubes, desde 2009/10 que pelo menos duas equipas germânicas passam a fase de grupos e uma entra nas quatro melhores formações europeias. Este ano não parece ser exceção.

Para alguns, como Jorge Jesus, a Bundesliga já é o campeonato mais forte do mundo. Outro continuam a defender a Premier League e a Liga espanhola, mas a verdade é que os germânicos vão tomando de assalto a Europa do futebol e só parecem ter oposição de Real Madrid e Barcelona, que vão mantendo Espanha no topo do ranking de clubes da UEFA. E são os conjuntos portugueses que continuam a pagar a fatura desse desenvolvimento. Tal como, na terça-feira, tinha sido o Arsenal, que levou de novo “chapa 5” do Bayern.

Em 2012/13, Bayern e Borussia Dortmund disputaram a final da prova mais importante de clubes da Europa (vitória dos bávaros). Este ano, esse cenário volta a ser realidade. E não são muitas as equipas capazes de travar essa meta, embora se tenha percebido hoje que, com o Barça, não há impossíveis.

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