Ainda (e sempre) o Brexit. Tendo feito do controlo sobre a imigração a sua prioridade no processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), Theresa May admitiu que a Grã-Bretanha poderá ter que abdicar da sua presença na união económica e aduaneira para o conseguir. E que, se o fizer antes de ter alcançado um novo acordo de comércio com a UE, o país passará a estar sujeito às regras (e taxas alfandegárias) da Organização Mundial do Comércio.

Perante tal possibilidade, não se fez esperar a reacção da associação dos construtores de automóveis britânicos (EEF). Calculando que as exportações de automóveis, e outros produtos, do Reino Unido para a UE possam passar a estar sujeitas a uma taxa de 5,3%, a organização do sector instou a primeira-ministra britânica a deixar cair a ameaça, e a apostar na criação de um novo acordo que evite a criação de barreiras às trocas comerciais entre os dois territórios.

Segundo adianta a agência Reuters, o responsável máximo pela EEF, Terry Scuoler, referiu que “a ideia de se ser capaz de sair de mãos vazias poderá ser uma táctica negocial, mas, na realidade, poderá traduzir-se num arriscado e oneroso revés. A retórica do Governo deverá, antes, focar-se no alcançar de um acordo que seja vantajoso tanto para o Reino Unido como para a UE”.

De recordar que mais de metade das exportações do Reino Unido, em termos de valor, têm como destino a UE. E que muitas das fábricas dependem de bens e componentes que cruzam o espaço europeu antes de chegar ao seu destino, o que as deixa especialmente expostas ao aumento de quaisquer barreiras alfandegárias.

Por seu turno, o ministro britânico com a pasta do Brexit, David Davis, reconheceu que, desde o referendo de 2016, não foi avaliado o impacto económico de uma saída da UE sem que esteja estabelecido um novo acordo comercial, apesar de a indústria ser responsável por cerca de 10% da economia britânica. E as empresas do ainda mais determinante sector dos serviços também estão particularmente preocupadas com o seu acesso ao mercado único, em particular as do sector bancário.

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