Religiosas de mosteiros de clausura em Fátima vão acompanhar pela televisão a peregrinação do papa Francisco a Fátima, na sexta-feira e no sábado, disseram hoje responsáveis de duas congregações. “Vamos ver na televisão e vamos estar todas a acompanhar a visita”, afirmou à agência Lusa a irmã Maria do Carmo, 68 anos, superiora do Mosteiro de Nossa Senhora do Rosário das Irmãs Clarissas do Desagravo, onde estão 12 irmãs, todas portuguesas.

Segundo a religiosa, ao contrário de outras visitas papais, que incluíram momentos para religiosos e, especificamente, para os de clausura, a peregrinação do papa Francisco não tem previsto nenhum encontro neste âmbito, pelo que o acompanhamento é pela televisão.

No caso da última visita papal a Fátima, de Bento XVI, algumas religiosas, que só em situações excecionais, como uma ida ao médico, saem do mosteiro, deslocaram-se ao santuário, assim como numa das peregrinações de João Paulo II, contou.

“Só ligamos a televisão nos grandes acontecimentos de Fátima e numa situação anormal no país ou no estrangeiro”, adiantou Maria do Carmo, referindo que as notícias também chegam por revistas católicas que recebem, pela Internet ou pelos capelães da congregação.

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Para a religiosa, natural das Cortes, no concelho de Leiria, a 20 quilómetros de Fátima, a visita de Francisco “é uma graça inexplicável, muito grande”. E sobre os dois novos santos, Francisco e Jacinta Marto, à irmã Maria do Carmo faltam palavras para descrever a alegria, que se manifesta num largo sorriso.

No Mosteiro do Rosário Perpétuo Pio XII é também pela televisão que a maioria das dez religiosas estrangeiras que ali se encontram vai ver o papa Francisco. A irmã Maria Diana, de 92 anos, que em 1954 chegou a Fátima para fundar este mosteiro, recorda as cinco visitas papais ao santuário que antecederam a de Francisco. “Na primeira visita, a de Paulo VI, em 1967, alguém nos emprestou uma televisão para vermos”, contou a freira, referindo que, na primeira peregrinação de João Paulo II a Fátima, em 1982, tiveram o privilégio de o saudar quando aterrou no campo de jogos que recebeu, posteriormente, o seu nome.

No muro que divide a congregação deste campo de futebol, as religiosas inscreveram “bem-vindo” em vários idiomas. Nesta visita do papa polaco, como na seguinte, em 1991, as religiosas foram autorizadas a ir ao santuário, mas na última peregrinação deste, em maio de 2000, ainda tentaram chegar ao templo. “Era muita gente”, declarou a irmã Maria Diana, referindo que acabaram por ver as celebrações pela televisão num estabelecimento comercial próximo das pracetas de Santo António, a menos de uma centena de metros do templo.

Já na visita de Bento XVI, em 2010, um grupo de religiosas desta congregação deslocou-se ao santuário. Sobre a visita de Francisco, a irmã Maria Diana, irlandesa, que integrou o grupo que traduziu para Inglês as “Memórias da irmã Lúcia”, não poupa palavras: “É maravilhoso, o papa é tão humilde, gosta de estar junto do povo com sorriso”.

Francisco visita Fátima, na sexta-feira e no sábado, para canonizar os pastorinhos Francisco e Jacinta, no centenário dos acontecimentos de Fátima. Os dois beatos são os mais jovens santos não-mártires. A cerimónia, a primeira realizada em Portugal, vai decorrer em Língua Portuguesa.