Empresas sem trabalhadores precários podem sair beneficiadas em futuros concursos da Câmara Municipal de Lisboa. Isto porque a autarquia quer “introduzir na avaliação das propostas dos fornecedores que concorrem a um determinado procedimento da câmara o critério da percentagem de trabalhadores com vínculo permanente e/ou vínculos precários e haverá penalizações para quem tiver mais precários”, avança o Diário de Notícias, citando o vereador dos Recursos Humanos e das Finanças da autarquia, João Paulo Saraiva, ao Dinheiro Vivo.

Esta medida de discriminação positiva, inspirada em cidades como Paris, Madrid, Barcelona ou Oslo é uma das muitas que a câmara está a avaliar. No entanto, só deve avançar dentro de um a dois meses. A autarquia vai ainda “constituir um grupo de trabalho, composto por empregadores, sindicatos e o terceiro setor, que nos vai ajudar a desenhar esta estratégia e fazer uma mudança social, comportamental e cultural sobre estas matérias”, reforçou o mesmo vereador. Mais tarde será feita uma ação de sensibilização, contou ao DN, pois “estas coisas não se fazem de um dia para o outro” – só depois será “a doer”.

Sobre o facto de a própria CML contratar trabalhadores precários, João Paulo Saraiva garantiu que a autarquia tem “muito poucos”. E adiantou que estão a fazer “o levantamento de potenciais situações de precariedade de trabalhadores a cumprir necessidades permanentes para serem integrados nos quadros. Mas dos oito mil trabalhadores da câmara devemos ter só entre dez e 20 precários”, garantiu.

Além da penalização de empresas que contratem precários, a autarquia preparase ainda para avançar com o descongelamento das progressões de carreira. “É muito pouco motivador para alguém que está há dez, 15 ou 20 anos sem uma progressão na carreira”, justificou o vereador, para quem “é impossível gerir uma organização sem que as pessoas tenham uma perspetiva de evolução salarial”.

Está ainda previsto o reforço da dotação financeira para pagar prémios de produtividade, que estão congelados há vários anos. João Paulo Saraiva não se quis comprometer com valores, mas adiantou que o aumento será gradual e que “tudo o que andar a volta dos 10% estará bem”.

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