O Porto está em alta para quem vem de fora: no início do ano, foi eleito o melhor destino europeu. Para quem mora na área metropolitana, continua a haver razões para ficar: é das poucas regiões que consegue resistir à queda do emprego. Entre 2002 e 2012, o número de trabalhadores por conta de outrem desceu 0,8%, enquanto, em todo o país, a queda foi de 4,9%.

Embora haja trabalho, nem sempre é fácil gerir os custos da habitação e dos transportes. Para informar os seus leitores das freguesias mais económicas, o Observador dissecou os preços do mercado imobiliário e dos serviços de transporte no Grande Porto.

Desenvolvemos um indicador que reflete o custo médio de aquisição de um apartamento com dois quartos adicionado da despesa de transporte para o centro do Porto. Os preços do imobiliário foram obtidos junto do BPI Expresso Imobiliário, enquanto os valores dos vários passes mensais foram extraídos da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP). Extrapolámos os custos para 30 anos, assumindo uma taxa de inflação dos serviços de transporte de 3,2%, igual à média dos últimos dez anos no continente.

Zonas mais económicas do Grande Porto

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Foram avaliadas 60 freguesias na Área Metropolitana do Porto. Algumas foram excluídas por falta de dados, como um mínimo de dez apartamentos T2 à venda no BPI Expresso Imobiliário, ou por estarem fora da rede intermodal Andante, que inclui a STCP, o Metro do Porto, a CP e oito operadores privados de transporte.

O indicador de economia não deve ser usado isoladamente na decisão da localização do seu alojamento. De fora ficam muitos elementos cruciais, como a área média da habitação, a qualidade de vida na zona, o tempo de deslocação para o centro do Porto e outras formas alternativas de transporte. Todavia, o indicador é um bom ponto de partida para um estudo mais personalizado sobre a melhor zona para viver.

As freguesias mais caras são as de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde e de Lordelo do Ouro e Massarelos (no Porto), de Matosinhos e Leça da Palmeira (em Matosinhos) e de Espinho. Conheça agora, em detalhe, as dez freguesias mais económicas para quem trabalha no Porto.

Vilar de Andorinho (Vila Nova de Gaia)

A freguesia de Vila de Andorinho está estrategicamente localizada. Está rodeada por vias principais (a A1, a A29 e o IP1) e é o miradouro de Vila Nova de Gaia, por estar no seu ponto mais alto. Desde sempre que o Monte da Virgem atrai residentes. Os últimos Censos contam mais de 18 mil habitantes.

Apesar de ser necessário atravessar o rio Douro para chegar à capital nortenha, o percurso efetua-se em cerca de 40 minutos. É, no entanto, o preço das casas que mais distingue Vilar de Andorinho. Um T2 custa, em média, menos de 66 mil euros.

Fânzeres e São Pedro da Cova (Gondomar)

Embora Fânzeres e São Pedro da Cova tenham sido unidas numa única freguesia gondomarense na reforma administrativa nacional, conduzida em 2013, as regiões são díspares. Ao nível de despesas de quem trabalha na Invicta, Fânzeres é mais económica, porque fica a apenas duas zonas do centro do Porto na rede de transportes locais. São Pedro da Cova fica a três zonas. Ao longo de três décadas, a diferença é significativa: as despesas de casa e de transportes são reduzidas em 6,8%.

Atualmente, um T2 na freguesia de Fânzeres e São Pedro da Cova vale cerca de 69 mil euros. Em média, estas habitações têm 103 metros quadrados, mostram as estatísticas do BPI Expresso Imobiliário.

Ermesinde (Valongo)

A cidade de Ermesinde não tem o imobiliário mais barato do município de Valongo. Por exemplo, em média, os T2 custam 73.900 euros, cerca de 7,3% mais do que na cidade de Valongo. Todavia, está mais próxima do Porto, o que reduz o custo mensal de transporte (o custo mensal do Andante fica em 36 euros) e o tempo despendido diariamente para a capital (o comboio entre Ermesinde e Campanhã demora cerca de dez minutos).

Valongo (Valongo)

É onde se encontram algumas das habitações mais baratas do Grande Porto. Em média, um T2 custa 68.900 euros, um valor só batido por Vilar de Andorinho e pela freguesia de Sandim, Olival, Lever e Crestuma (Vila Nova de Gaia). Além disso, o comboio entre as estações de Valongo e da Campanhã, no Porto, demora cerca de 20 minutos.

Serzedo e Perosinho (Vila Nova de Gaia)

Entre as freguesias mais económicas para trabalhar no Porto, é a que se encontra mais perto do litoral. Fica a cerca de quatro quilómetros da Praia da Granja, em São Félix da Marinha. Os preços do imobiliário local são reduzidos (um T2 custa, em média, menos de 70 mil euros), mas as despesas gerais são penalizadas pelo custo dos transportes (47,10 euros por mês por um passe que abranja o centro do Porto).

Oliveira do Douro (Vila Nova de Gaia)

Embora o Porto seja visível de Oliveira do Douro, que se situa na margem esquerda do rio, os transportes públicos para o centro da capital nortenha não são suficientes, mostra o serviço Itinerarium, que inclui a STCP, a Metro do Porto e a CP. Para o caminho entre a Junta de Freguesia de Oliveira do Douro e a Casa da Música, no Porto, o Google Maps sugere duas linhas do Metro do Porto complementadas com 3,3 quilómetros de carro ou de táxi.

Rio Tinto (Gondomar)

Rio Tinto é a freguesia nortenha com mais residentes, mais de 50 mil, e mais famílias, quase 20 mil, segundo os últimos Censos. É, por isso, natural que seja também a segunda freguesia do Grande Porto com mais casas arrendadas, perto de cinco mil, a seguir a Paranhos.

A freguesia de Rio Tinto, que absorve a maior parte da cidade homónima, combina preços reduzidos das habitações (um T2 custa, em média, cerca de 78 mil euros) com uma proximidade do Porto. Bastam 40 minutos para chegar ao centro da Invicta no metro.

Avintes (Vila Nova de Gaia)

Embora esteja geograficamente mais distante do Porto do que Vilar de Andorinho e Oliveira do Douro, o custo do passe mensal para a cidade é o mesmo. O que coloca Avintes em desvantagem é o preço do imobiliário: o valor médio pedido por um T2 roça os 79.500 euros.

Baguim do Monte (Gondomar)

Baguim do Monte, juntamente com a freguesia de Rio Tinto, completa a cidade de Rio Tinto. Porém, em Baguim do Monte, os preços dos apartamentos são ligeiramente mais elevados do que na freguesia irmã. Os T2 custam, em média, 79.500 euros, mais 1,9%.

A freguesia é servida por uma única estação do Metro do Porto, localizada no seu limite sudoeste. É possível visitar a Casa da Música, no Porto, em pouco mais de 40 minutos.

São Cosme, Valbom e Jovim (Gondomar)

Das três antigas freguesias de São Cosme, de Valbom e de Jovim, que deram origem a esta união de freguesias gondomarenses, Jovim é a que está mais longe do Porto e, por isso, a que mais penaliza os residentes no custo e no tempo de deslocação para a capital do norte. O preço médio dos T2 nesta região é de 80.400 euros.