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Michael Clemens

Michael Clemens

"Uma vida de consumo é uma perda de tempo"

Chamam-lhe guru do desperdício zero e o lixo que faz num ano cabe num frasco. Autora de soluções práticas para uma vida minimalista, Bea Johnson vem a Portugal. Mas primeiro falou com o Observador.

Um estilo de vida extremista e que ocupa muito tempo. Estas são as principais ideias feitas (e erradas) que existem em torno do estilo de vida criado por Bea Johnson e seguido por milhares e milhares de pessoas em todo o mundo. O número não é exagero, uma vez que a francesa a viver nos Estados Unidos da América é a fundadora do movimento Zero Waste Lifestyle (Desperdício Zero), assente no minimalismo e na simplicidade de rotinas. Bea é autora do blogue e do bestseller Zero Waste Home, e o jornal The New York Times já chegou mesmo a apelidá-la de “sacerdotisa de uma vida livre de desperdício”.

Certo que Bea faz a sua própria maquilhagem, limpa a casa — decorada com o mínimo e o indispensável — com vinagre branco e vai às compras com frascos e sacos de pano na mão — os recipientes de vidro são para acomodar carnes, peixes e queijos, enquanto os sacos asseguram o transporte de cereais e pão, entre outros produtos. Nos hábitos alimentares da família não há espaço para produtos empacotados e/ou processados, pelo que o lixo que ela, o marido e os dois filhos adolescentes fazem num ano cabe num frasco, daqueles onde se colocam as bolachas.

Habituada a falar em faculdades e eventos empresariais, Bea Johnson vem pela primeira vez a Portugal para conversar sobre minimalismo e sustentabilidade, a convite do supermercado biológico Maria Granel. A atual digressão internacional da autora, que inclui conferências em dez países do velho continente e um discurso no Parlamento Europeu, vai passar pela Junta de Freguesia de Alvalade na próxima sexta-feira, dia 8 de julho, pelas 19h30. O objetivo é partilhar de forma muito prática a sua experiência pessoal e dar conselhos para que mais pessoas se juntem ao estilo de vida Desperdício Zero.

E será que vale a pena? A autora jura a pés juntos que sim: “De repente descobrimos o verdadeiro sentido da vida, porque a vida não deve ser baseada em coisas mas sim em relações, em experiências, em atividades. Essa é a vida que descobrimos ao vivermos com simplicidade. É uma vida baseada em ser em vez de ter.”

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Zero Waste Home UK

O livro da autora, disponível em 12 línguas, está de momento a ser traduzido para português.

Atualmente é considerada a guru do movimento Zero Waste Lifestyle, mas em pequena fazia várias coleções. Como se passa do 80 para o 8?
Eu colecionava coisas tal como qualquer outra criança, no sentido em que muitas gostam de colecionar búzios ou pedras, por exemplo. No meu caso, colecionava areia de sítios diferentes, bonecas de diferentes países e até moedas. Não é que estivesse a colecionar toneladas de coisas, tinha apenas algumas coleções. Quando me mudei para os Estados Unidos para ser au pair, deixei estas coleções para trás, e assim que adotei o estilo de vida zero waste percebi que não sentia falta delas. Era algo que me mantinha ocupada quando eu era criança, mas de que não senti falta enquanto adulta — à medida que crescemos encontramos outras formas de ocupar o tempo.

Li que a sua mãe não a deixava brincar com as coleções.
Sim, especialmente com a das bonecas. Eu tinha aquelas bonecas que se encontravam em lojas de recordações — não sei se ainda estão à venda –, que por norma representavam os trajes tradicionais dos países e estavam fechadas num recipiente de plástico. Não me era permitido tirá-las das caixas ou brincar com elas.

Bea Johnson lançou o movimento global "zero waste lifestyle"

Zona Foto | www.zonafoto.net

Porquê dedicar a vida ao Zero Waste Lifestyle? Como é que tudo isto começou?
A nossa maneira de pensar mudou em 2006, quando estávamos a viver numa casa nos arredores de São Francisco: tínhamos de nos meter no carro para fazer basicamente tudo, desde ir ao cinema, às compras ou até levar os miúdos à escola. Sentíamos falta da vida que tínhamos nas grandes cidades onde já tínhamos vivido — Londres, Amesterdão e Paris — e sentíamos ainda mais falta de nos deslocarmos a pé. Então, decidimos mudar-nos. Mas antes de encontrarmos a casa certa arrendámos um apartamento durante um ano, para onde nos mudámos apenas com o essencial. Foi durante esse ano que nos apercebemos de que, quando de repente temos menos coisas, temos mais tempo para fazermos o que gostamos de fazer, como piqueniques com amigos ou caminhadas. Quando finalmente tirámos tudo o que tínhamos armazenado, quando finalmente encontrámos a casa certa, percebemos que não tínhamos sentido falta de 80% dos nossos pertences, pelo que começámos a livrar-nos de algumas coisas. Com o tempo deixámos de lado 80% das coisas que tínhamos.

Foi graças a essa simplicidade, durante esse ano, que tivemos tempo para nos educar sobre questões ambientais. Lemos alguns livros e vimos documentários, e o que descobrimos fez-nos pensar sobre o futuro dos nossos filhos, sobre que futuro deixaríamos para eles. Foi assim que encontrámos a motivação para mudar o nosso estilo de vida. Começámos a prestar atenção ao consumo de energia e da água, e também à quantidade de lixo que produzíamos, e tentámos encontrar alternativas. Passado sensivelmente um ano descobri o termo zero waste, que na altura era usado apenas para descrever práticas industriais ou gestão de resíduos, mas para mim fez todo o sentido. Zero deve ser o objetivo, se não for, então qual será? Um bocadinho menos de lixo? Quando temos o nível zero como objetivo isso ajuda-nos a exigir mais. Mas ninguém estava a fazer isto em casa, não havia nenhum guia sobre a filosofia Zero Waste Lifestyle, pelo que tive de testar várias coisas. Acho até que fui longe demais [no início], ao tentar fazer muitas coisas. A uma dada altura estava a fazer o meu próprio pão, queijo, manteiga, e até o meu próprio leite de soja. Acabei por perceber que fazer estas coisas todas não era sustentável a longo prazo para a nossa família, sobretudo com dois trabalhos a tempo inteiro. Depois descobri o equilíbrio e um sistema que funcionava: em vez de fazer o meu próprio pão, por exemplo, podia levar um saco [sem ser de plástico] à padaria, e em vez de fazer o meu próprio queijo podia apenas levar um frasco à queijaria, etc.

Falando ainda do período em que viveu um ano no apartamento arrendado…é possível ser-se feliz com menos coisas?
Os promotores criam, através da publicidade, necessidades que não existem em nós e nós sentimos que temos de ter isto ou aquilo. Depois compramos essas coisas e acumulamos tudo. Quando temos a oportunidade de viver sem isso percebemos que podemos viver muito bem, senão melhor. Para mim, a vida simples tornou-se uma epifania. Lembro-me que na antiga casa tínhamos duas salas de estar e lembro-me de me incomodar o facto de haver uma delas que, apesar de não a usarmos, tinha de ser mobilada. Fiquei chateada por gastar dinheiro em mobília que eu sabia que mal íamos usar. Quando temos a oportunidade de nos livrarmos [dos excessos], isso acaba por ser muito libertador. De repente descobrimos o verdadeiro sentido da vida, porque a vida não deve ser baseada em coisas mas sim em relações, em experiências, em atividades. Essa é a vida que descobrimos ao vivermos com simplicidade. É uma vida baseada em ser em vez de ter.

Bea usa frascos para acomodar a carne (e o peixe) e sacos para os produtos secos de cada que vai às compras.

Michael Clemens

Já deve ter respondido a esta pergunta mil vezes, mas o que são os cinco “erres” — refuse (recusar), reduce (reduzir), reuse (reutilizar), recicle (reciclar) e rot (decompor) — que servem de base à sua filosofia?
A primeira regra é recusar, é simplesmente aprender a dizer não. Hoje em dia, nesta sociedade consumista, somos alvo de muitos bens promocionais e de cada vez que os aceitamos estamos a criar a procura para se fazerem mais. Assim que aceitamos coisas e as levamo para casa, elas ocupam o nosso espaço e, no fim da linha, tornam-se um problema de lixo. Quando dizemos não a estas coisas simplesmente paramos a procura — dizemos não a sacos de plástico, a garrafas de água ou a bens promocionais como canetas de plástico.

A segunda regra é reduzir, reduzir o que realmente precisamos. Passamos por uma fase em que removemos o que não precisamos e a beleza disso é que permite-nos pôr no mercado coisas que são recursos valiosos para outras pessoas. E quando isso acontece, o mercado em segunda mão é alimentado, o que é muito importante para o futuro do zero waste. A terceira regra é reutilizar, através da troca de tudo o que é descartável por alternativas reutilizáveis — significa, por exemplo, trocar os lenços de papéis por lenços de mão. O segundo aspeto de reutilizar é comprar artigos em segunda mão. Há uma alternativa para tudo o que é descartável. Eu, por exemplo, em vez de usar tampões uso um copo menstrual. Isso também significa ir às compras com um kit próprio: quando vamos às compras trazemos frascos de vidro para tudo o que não é seco [como carne ou peixe] e sacos de pano para tudo o que é seco [como cereais, farinha e açúcar].

A quarta regra é reciclar, mas nós só reciclamos aquilo que não podemos recusar, reduzir ou reutilizar. Os cincos “erres” têm de ser adotados por ordem — quanto mais coisas recusarmos menos temos de reduzir; quanto mais reduzirmos menos temos de reutilizar, etc. No fim, a filosofia zero waste não encoraja a reciclar mais, mas menos, devido à prevenção de criar lixo que acontece desde o início, através dos primeiros três “erres”. A última regra é rot [decomposição], isto é, decompomos o que sobra.

Mas nem todos os supermercados devem aceitar frascos de vidro.
Sim, aceitam. Há toda uma técnica que descrevo no livro em como fazer isso: a técnica principal passa por não olhar a pessoa que nos está a atender nos olhos. Quando lhe damos o nosso frasco e olhamos nos olhos com dúvida, elas dizem que não. Se o fizermos sem olhar para elas, as pessoas vão pensar que fazemos isto desde sempre e que está tudo bem e enchem o frasco. Se por algum motivo disserem não, dizem-no porque não conhecem as regras ou porque simplesmente não sabem medir corretamente — quem trabalha atrás de um balcão é suposto saber como funciona uma escala, mas muitas vezes há quem não saiba reduzir o peso do frasco, pelo que é muito mais fácil recusar e dizer que é contra as regras. As lojas fazem-no, a pessoa atrás do balcão é que pode não querer fazê-lo. O meu livro e o meu blogue lançaram um movimento e há milhares e milhares de pessoas a fazer isto um pouco por todo o mundo. Milhares e milhares de pessoas estão a levar os frascos aos supermercados.

Bea percorre os perímetros das lojas, onde se encontram os produtos mais saudáveis.

Michael Clemens

Parece-me que esta é também uma forma de optar por uma alimentação mais saudável, uma vez que a Bea só compra produtos que não estejam empacotados, o que por si só exclui os alimentos processados.
A única coisa que compramos que está embalada é a manteiga. Geralmente, os artigos a granel encontram-se à venda nas lojas mais saudáveis, que à partida têm à disposição comida menos processada. Mas quando vamos às compras, podemos percorrer os perímetros das lojas. Nas lojas há corredores centrais onde se encontra muita comida processada. É precisamente nos perímetros que estão as opções mais saudáveis, como os produtos frescos atrás dos balcões, a padaria, o leite, o peixe, a carne, o queijo e os artigos a granel. É mesmo no centro que estão as comidas processadas que contêm não só ingredientes que não conseguimos pronunciar como outros que não nos fazem bem. Ao fazer compras desta forma estamos a eliminá-los por completo.

Onde comprar a granel em Lisboa e Porto?

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LISBOA
Maria Granel — Rua José Duro, 22B (Alvalade). 21 135 1896. www.mariagranel.com
Casa a Granel — Rua Francisco Metrass, 6B (Campo de Ourique). 21 390 1510. facebook.com/casaagranel
VillaBio — Rua Gonçalves Zarco, 18C (Restelo). 21 301 1518. facebook.com/VillaBio.pt
A Mariazinha — Avenida Rio de Janeiro, 25B (Alvalade). 21 849 1562.
Pérola do Chaimite — Avenida Duque d’Ávila, 38 (Saldanha). 21 314 0361. peroladochaimite.com

PORTO
Mercearia do Bolhão — Rua Formosa, 305 (Bolhão). 22 208 2912. www.merceariadobolhao.com
Casa Natal – Rua Fernandes Tomás, 833 (Bolhão). 22 205 2537. facebook.com/casa.natal.porto
Pérola do Bolhão – Rua Formosa, 279 (Bolhão). 22 200 4009. facebook.com/peroladobolhao
Mercearia do Miguel – Rua do Passeio Alegre, 130 (Foz). 22 011 6889. www.merceariadomiguel.com
Pretinho do Japão – Rua do Bonjardim, 496A (Bolhão). www.opretinhodojapao.pt

 

Indo além das compras, como é que se aplica esta filosofia ao dia a dia? Como é a vida em casa?
É engraçado que, quando comecei a tornar isto público, as pessoas diziam que o meu estilo de vida não era realístico. Mas se o estou a viver, como é que não é realístico? Diziam também que é muito de extremos — houve quem dissesse que estávamos a fazer demasiado e quem dissesse exatamente o contrário. O meu marido e eu decidimos não dar ouvidos aos críticos. Estamos bem e no centro. Com o movimento que o livro e o blogue lançaram acho que consegui provar que isto é possível independentemente de onde se vive. As pessoas pensam que passo os dias a fazer coisas e acho que isso é um dos maiores equívocos sobre este estilo de vida. Os maiores equívocos passam pela ideia de que isto vai levar mais tempo e vai custar mais dinheiro. É o oposto. Mas admito que se não tivesse ouvido falar do desperdício zero teria pensado o mesmo, porque nós estamos habituados a viver de uma certa forma e o mercado diz-nos que se comprarmos os seus produtos vamos poupar tempo. As pessoas pensam que o que fazem hoje em dia é o que poupa mais tempo, mas quando começamos com o Zero Waste Lifestyle rapidamente percebemos que quando vivemos uma vida baseada em consumo perdemos muito tempo.

Por definição, uma vida mais simples não permite complicar as coisas. A única coisa que faço são os meus cosméticos e são muito poucos produtos: faço a minha própria sombra para os olhos, a minha máscara de pestanas e um bálsamo de lábios [com cera de abelha e óleo]. As três coisas que mencionei são feitas a partir de muito poucos ingredientes, são receitas muito simples, com ingredientes que se têm em casa. Não o faço todos os dias, apenas de seis em seis meses. E há outras coisas que uso que não exigem qualquer trabalho: nas minhas bochechas, por exemplo, uso apenas pó de cacau — uso-o vindo diretamente do frasco. O mesmo acontece para limpar a casa: uso vinagre branco, misturado apenas com água — demora muito mais tempo ir comprar um produto. Antes tinha imensos produtos de limpeza debaixo do meu lava-loiças. Isto significa que já não tenho de ir à loja comprar produtos descartáveis.

A casa de Bea, bem como o escritório, é toda ela minimalista.

Então, no final de contas, o que há mais é tempo de sobra?
Sim, e cabe a cada um decidir como usar esse tempo livre. Provavelmente trabalho muito mais hoje do que no passado, mas é um trabalho que me deixa feliz. O tempo que ganhámos com o Zero Waste Lifestyle é agora usado para fazer coisas que antes nunca pensámos ser capazes. Em vez de gastar o nosso dinheiro em produtos descartáveis ou em produtos que não precisamos, investimos esse dinheiro em atividades, em memórias.

Além de tempo, o que mais se ganha?
Com este estilo de vida somos muito mais saudáveis do que antes, não só porque percorremos os perímetros da lojas, mas também porque temos menos coisas em casa, o que significa menos pó acumulado — o ambiente em casa fica, assim, mais saudável. Muitos produtos de plástico emitem um gás que não é saudável para nós. O meu marido, por exemplo, costumava ter sinusite crónica duas vezes por ano, tinha de ir ao médico, obter prescrições e adquirir os comprimidos. Desde que embarcámos neste estilo de vida, ele já não tem isso. No meu caso, eu costumava ter conjuntivite quando comprava a minha máscara na loja — desde que comecei a fazê-la, a conjuntivite desapareceu.

É por isso que todo o lixo de 2015 cabe num frasco?
O que fica no frasco são todas as coisas que não podemos recusar, reduzir, reutilizar, reciclar ou decompor, como os autocolantes das frutas e dos vegetais ou a capa do iPhone em segunda mão do meu filho.

Então não há mesmo caixotes do lixo lá em casa?
Não, não precisamos. Temos apenas um frasco debaixo do lava-loiça onde metemos as coisas que não conseguimos recusar, reduzir, reutilizar, reciclar ou decompor. Na cozinha o nosso caixote do lixo velho tornou-se um recipiente de compostagem — tudo o que é decomposto é aí colocado, é um recipiente grande que está debaixo do lava-loiça. Não precisamos de o esvaziar todos os dias, apenas uma vez por semana.

O lixo que a família de Bea produziu em 2015 cabe neste frasco.

Michael Clemens

A roupa também é em segunda mão. Os seus filhos adolescentes, com 14 e 16 anos, não se importam? Isso não interfere no estilo deles?
Os meus filhos viveram mais tempo a usar roupa em segunda mão do que o contrário, pelo que o que nós fazemos é completamente normal e automático. Eu vou às compras de roupa duas vezes — a meio de abril e a meio de outubro –, não o faço durante todo o ano. Eles não gostam de ir às compras e desde que são pequenos pergunto-lhes muito especificamente o que querem. Não quero que daqui a dez anos me digam que não tiveram a oportunidade de ter t-shirts da Quiksilver ou ténis da Adidas. Se é isso que eles querem, tudo bem, mas compro as coisas em segunda mão. Com o tempo o gosto deles mudou. O Leo gostava de t-shirts da Quiksilver e de calças de ganga direitas e agora prefere t-shirts com decote em V, sem qualquer marca, e calças skinny. Compro mais do que eles precisam porque quero que eles escolham as peças preferidas — depois damos o extra ao nosso pároco, que tem um filho mais novo do que eles.

E a Bea, quantas peças de roupa tem no seu armário?
Todos nós vestimos roupa em segunda mão, dos pés à cabeça. Só raras vezes é que tive de comprar um par de ténis para os meus filhos — no ano passado tivemos dificuldade em encontrar o tamanho do meu filho mais velho; quando dou palestras ou faço discursos apelo às pessoas para doar o tamanho 43 para que os possamos encontrar.

Tenho 15 peças de roupa e cinco pares de sapatos e tudo isso cabe numa mala de viagem, tal como acontece com os guarda-roupas dos meus filhos e do meu marido. A beleza disso é que se quisermos ir embora por uma semana ou um mês, tudo o que temos de fazer é colocar a roupa dentro da mala de viagem e estamos fora de casa. Depois vem um serviço de limpeza limpar a casa — temos pessoas a arrendar a casa e elas acabam por pagar pelas nossas férias. As pessoas tendem a pensar que quanto menos tivermos, menos opções temos. Não é verdade. Num guarda-roupa normal as pessoas usam 20% da sua roupa, guardam os restantes 80% para os momentos “e se” (e se tiverem um casamento ou uma entrevista de trabalho). Num contexto normal há muita roupa que, de facto, não está a ser usada. No nosso caso descobrimos quais eram os nossos 20% e pusemos de lado os nossos 80%. É fácil saber quais são os nossos 20% — é a roupa que usamos continuamente, a que está no meio do armário e que estamos continuamente a lavar. As minhas 15 peças permitem-me criar mais do que 15 visuais — elegi peças que são versáteis. De momento estou em digressão, a dar palestras em dez países diferentes, e para cada palestra uso o meu vestido de uma forma diferente — é uma experiência que estou a fazer este verão.

Bea defende que desde que adotou o "zero waste lifestyle" que tem mais tempo e qualidade de vida.

Stephanie Rausser

Quais as estratégias que as pessoas podem adotar para simplificar as suas vidas?
Diria para, em primeiro lugar, pensar duas vezes da próxima vez que alguém lhes der alguma coisa — será que é mesmo preciso? Nem que seja um panfleto ou um cartão de contacto. Quando simplesmente dizemos “não”, fazemos com que as coisas deixem de entrar [no nosso espaço] e isso torna a vida muito mais fácil. A segunda regra passa por livrarem-se dos excessos, isto é, não ter medo de pôr de lado as coisas que não usam ou de que não precisam. E não ter medo do que as pessoas vão dizer. A terceira dica é pensar na reutilização, perceber tudo o que têm em casa que seja descartável e tentar encontrar uma alternativa reutilizável.

Quando comecei com isto, o meu marido tinha receio que fosse mais dispendioso. Então, encorajei-o a comparar os extratos bancários antes e depois de implementarmos esta filosofia de vida. Percebemos que estávamos a poupar 40% nas nossas despesas globais! Isto acontece porque consumimos muito menos do que antes — já não acrescentamos coisas à casa, estamos contentes com o que temos. Se comprarmos alguma coisa é apenas para substituir algo que precisa de ser substituído.

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