Há uma guerra nas fronteiras da União Europeia, entre a Rússia e a Ucrânia. Mas, desde quinta feira passada, é também o tempo da diplomacia. A nova dupla “Merkollande” foi a Kiev encontrar-se com o Presidente ucraniano Poroschenko. No dia seguinte, foi a vez de uma visita a Moscovo e de uma conversa com o Presidente Putin. No domingo, falaram os quatro ao telefone. Entretanto, os diplomatas dos quatro países discutem em Minsk um cessar-fogo. Finalmente, está previsto um encontro entre os três Presidentes e a Chanceler para quarta-feira, mas desconfio que Merkel e Hollande só irão a Minsk se houver algum acordo.
O esforço diplomático vale certamente a pena. Uma guerra na Ucrânia e com a Rússia é um assunto muito sério e grave. Rapidamente, poderia alastrar-se a países vizinhos, como a Geórgia e a Moldávia. O que significa que teríamos uma guerra muito perto de um país da Aliança Atlântica, a Roménia. E ninguém consegue antecipar o que poderia acontecer nos países Bálticos.
Apesar de nem Merkel nem Hollande terem qualquer ilusão sobre Putin, estão dispostos a fazer esforços diplomáticos para defender a paz na Europa; e continuarão a fazê-lo durante o tempo que for necessário. A negociação está nos genes dos líderes europeus. Aliás, a política da União Europeia é uma negociação permanente. Não há dia do ano em que não se negoceie qualquer coisa em Bruxelas. Como afirmou um diplomata alemão, “estamos dispostos a dar pelo menos dez últimas oportunidades à diplomacia.”
Com esta iniciativa diplomática, Merkel também conseguiu que Obama adiasse a decisão sobre o envio de armas para a Ucrânia. O Presidente norte-americano esteve certo ao apoiar Merkel. No entanto, o que acontecerá se a diplomacia falhar? (Infelizmente, o cenário mais provável).
A situação militar piorará, os russos enviarão mais tropas e tentarão conquistar a faixa costeira da Ucrânia, entre o leste do país e a Crimeia. Na quinta-feira, os líderes europeus discutem mais sanções económicas contra a Rússia, e os Estados Unidos provavelmente começarão a enviar armas para a Ucrânia. Se Obama aceitar as pressões por parte da maioria republicana no Congresso, tomará uma decisão muito perigosa.
O envio de armas pode atrasar o avanço russo, pode mesmo exigir um maior esforço militar por parte de Moscovo, causará seguramente mais baixas entre os russos, mas não será decisivo, nem inverterá o curso da guerra. Pode até agravar a situação. Imaginemos que daria a Putin o argumento para enviar cem ou cento e cinquenta mil soldados para a Ucrânia. Ninguém pode garantir que não seja esse o resultado da decisão do envio de armas por parte dos Estados Unidos. Se isso acontecer, estará a administração norte americana disposta a enviar tropas para combater ao lado dos ucranianos? Obama deve levantar esta questão se considerar o envio de armas para Kiev. A oferta de armas sem o envio de tropas nada melhora. Pelo contrário, pode agravar a situação irremediavelmente.