Os sócios do Ateneu Comercial do Porto decidem quinta-feira, em assembleia-geral extraordinária, se pedem um empréstimo sobre o edifício-sede ou vendem peças como a primeira edição de “Os Lusíadas” para colmatar uma dívida de 110 mil euros. “O ateneu tem vindo a arrastar um défice de exploração considerável, de 50 mil euros por ano. Além disso existe um passivo de 50 mil euros [pelo que] no exercício deste ano teríamos a necessidade, para terminar com uma situação financeira equilibrada, de 110 mil euros”, explicou à Lusa Paulo Lopes, presidente da direção do Ateneu, em funções há três meses.

Perante a “necessidade de financiamento” a direção entendeu que “seria sensato levar aos associados um amplo leque de opções, para que possam ter uma palavra na medida a ser tomada”, acrescentou. Nesse sentido, e segundo avançou o jornal Porto24, foi convocada para a noite de quinta-feira uma assembleia-geral extraordinária em cuja Ordem de Trabalhos consta a “apreciação, discussão e votação de uma das seguintes medidas de obtenção de receita extraordinária”.

A direção do Ateneu apresenta, assim, duas hipóteses aos associados, a primeira das quais passa pela contração de um empréstimo bancário “num valor máximo de 200 mil euros, com um período de empréstimo de 10 anos (…) assegurado pela constituição de hipoteca sobre o edifício social”. A segunda hipótese é a de alienação de peças do espólio do Ateneu, avaliadas por uma leiloeira, nomeadamente um quadro de José Malhoa de valor estimado em 75 mil euros, um contador indo-português do século XVII avaliado em 45 mil euros, um quadro de Henrique Pousão estimado em 90 mil euros e a primeira edição de “Os Lusíadas” de 1572, estimada em 225 mil euros.

Segundo Paulo Lopes, o Ateneu tem vindo a proceder ao “esvaziamento” do seu espólio para enfrentar dívidas, tendo “nos últimos quatro anos vendido 300 mil euros em património” o que é “complicado” uma vez que a instituição “também existe como guardião da História”. Para contrariar a tendência de venda de património, a atual direção entendeu “dar aos associados a opção de recorrer a financiamento bancário, em vez de alienar as peças”, considerando ser “uma violência” a “venda pura e simples” dos artigos.

“A nossa previsão é a de que as peças, pelo seu caráter emblemático, não sejam alienadas”, afirmou o presidente, lembrando porém que “não deve ser a direção a decidir”. A decisão final caberá aos associados que se pronunciarão quinta-feira em assembleia-geral extraordinária, agendada para as 21:00 no salão nobre e onde também apreciada a hipótese de a direção contrair junto de associados empréstimos no valor total de 100 mil euros.

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