A presidente da Associação de Professores de Matemática (APM) voltou hoje a criticar a existência de exames no 4.º e 6.º anos de escolaridade e atribuiu a descida nos resultados à “estrutura da prova”, demasiado centrada no cálculo.

“A descida de resultados, nomeadamente no segundo ciclo, prende-se, sobretudo, com a estrutura da prova. Era uma prova com cerca de 80 por cento de cálculo, mesmo quando o que se pretendia avaliar não era o cálculo, mas eram outros conteúdos. O cálculo condicionou a realização de vários dos itens de uma forma desequilibrada”, afirmou Lurdes Figueiral, que não ficou surpreendida com os resultados.

Além disso, disse dirigente da APM, “também no 6.º ano são utilizadas grandezas numéricas absurdas para o tipo de exercício que se pretendia e também para o tipo de instrumento que utilizavam, no caso uma máquina de calcular básica”

“Mas foi, sobretudo, esse peso excessivo do cálculo que tornou a prova desadequada, porque os alunos ao fazerem os cálculos e as contas acabavam por perder o sentido do exercício que estavam a resolver”, frisou.

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A Associação de Professores de Matemática defende “que se volte a pensar seriamente – com base naquilo que é a nossa experiencia de muitos anos, com base naquilo que é a experiência internacional e também com base nos estudos e investigações em educação — em retirar estas provas de avaliação”.

“Quanto mais se aproxima a data de realização das provas mais a orientação do trabalho se aproxima de um treino de alunos e não de um trabalho de aprendizagem. E também não será num mês que os alunos irão recuperar de uma coisa que não se sabem muito bem o que é, porque como digo houve fatores que influenciaram os resultados que não tem exatamente a ver com os conteúdos em questão”, acrescentou.

A presidente da Associação de Professores de Matemática considera, por isso, “um absurdo” a realização de exames nestes níveis de ensino, porque “só vem perturbar um funcionamento equilibrado do ano letivo e das aprendizagens dos alunos”.

“De facto, nem o primeiro, nem o segundo ciclo são ciclos conclusivos de coisa nenhuma, só no 9.º ano é que os alunos concluem o ciclo básico obrigatório das suas aprendizagens. Portanto, não faz sentido introduzir este tipo de instrumentos de avaliação. Alem disso, estas provas avaliam apenas um tipo de capacidades e os resultados das provas dependem também muito da estrutura das próprias provas como, aliás, se verificou este ano”, frisou.

Os resultados médios das provas finais do 4.º e 6.º anos a Português e Matemática mostram que os mais novos melhoraram a Português, face a 2012-2013, e que os mais velhos baixaram a média a Matemática.

Os alunos do 4.º ano obtiveram, na 1.ª fase das provas finais, notas médias positivas a Português (62,2%) e Matemática (56,1%), mas, no 6.º ano, apenas Português teve um registo médio positivo (57,9%), com a Matemática a ter média negativa (47,3%).

A agência Lusa tentou obter um comentário aos resultados dos exames junto da Associação Nacional de Professores de Português, mas sem sucesso até ao momento.