A história dos F-16, as únicas aeronaves de caça do país, que estão em permanente estado de prontidão, faz-se no ar e em terra, na Base Aérea n.º 5, em Monte Real, Leiria, onde chegaram há 20 anos.

“Se não tivéssemos F-16, teríamos um ‘buraco’ no nosso espaço aéreo para a NATO [Organização do Tratado Atlântico Norte] correspondente a 54 vezes o território nacional. São mais de cinco milhões de quilómetros quadrados”, disse o comandante da base, o coronel Alberto Francisco, para explicar a importância do trabalho destas aeronaves na defesa aérea do país.

Na base estão estacionados 39 F-16, 12 dos quais para a Força Aérea Romena, pelo que, em 2016, concluída a formação de pilotos e mecânicos daquele país em Monte Real, as aeronaves voarão para a Roménia.

Também em 2016, está prevista a conclusão do processo de transformação de mais três F-16 que chegam este ano dos Estados Unidos, pelo que Portugal vai dispor de 30 destas aeronaves, o que está definido na Lei de Programação Militar, adiantou o responsável, que comanda a base desde outubro de 2013 e soma quase 2.000 horas de voo nestes aviões.

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O comandante notou que se o país não tivesse esta capacidade estava “completamente vulnerável” a situações como o tráfico de estupefacientes, atos terroristas ou utilização indevida em termos económicos dos espaços marítimo, aéreo e terrestre.

Considerando que a presença dos F-16 “já é dissuasora”, Alberto Francisco aponta, também, o facto de as aeronaves estarem “completamente” atualizadas, um trabalho desenvolvido, na sua grande parte, em Monte Real, uma base NATO.

Nesta modernização, o comandante destacou a alteração dos motores, o que “permitiu reduzir custos de operação da frota”, e a instalação do sistema MLU (Mid-Life Update), tendo sido executadas na Base Aérea n.º 5 três das suas quatro fases. A outra foi feita nas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico, em Alverca.

Com o MLU, os F-16 ganharam capacidade de operar em condições meteorológicas adversas dia e noite, e de participar em operações de combate em rede, passando, igualmente, a dispor de armamento de precisão (ar-solo), além da utilização de mísseis de defesa aérea de longo alcance (ar-ar), salientou o coronel.

Para o responsável, “o MLU é uma nova era, é quase como se fosse um avião novo”, notando que a aeronave nacional “está, exatamente, ao mesmo nível do avião mais moderno dos Estados Unidos”. As primeiras quatro aeronaves F-16 chegaram a Portugal a 08 de julho de 1994. Desde então, a frota, que foi aumentando, multiplicou-se em exercícios e missões.

Além do trabalho operacional diário, destacam-se ações específicas, como a que sucedeu aos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, em que a esquadra 201 “Falcões” passou a assegurar o alerta de defesa e policiamento aéreos 24 horas por dia, num elevado estado de prontidão, com duas aeronaves armadas com mísseis reais e canhão.

Por ocasião do Euro 2004, estes aviões garantiram, em contínuo, o policiamento do espaço aéreo e, em 2010, na Cimeira da NATO, em Lisboa, os F-16 asseguraram a defesa aérea num período ininterrupto de 40 horas, sem recurso a aeronaves reabastecedoras.

Na base, onde trabalham 750 pessoas, 90 das quais civis, uma equipa multidisciplinar, dividida por várias áreas, garante a operação da aeronave e de todos os serviços que apoiam essa operação. A partir de segunda-feira, várias iniciativas assinalam os 20 anos dos F-16 em Monte Real, culminando no dia 13 com a abertura da base ao público.