A Agência Espacial Norte-Americana (NASA) anunciou dois contratos esperados e importantes, que totalizam 6,8 mil milhões de dólares. Até 2017 a Boeing (4,2 mil milhões) e a SpaceX (2,6 mil milhões) comprometem-se e levar os astronautas para o espaço. Depois do fim do Space Shuttle, o acordo com empresas privadas é a estratégia que a agência vai adotar para garantir o transporte de carga e astronautas para a Estação Espacial Internacional (ISS — sigla em inglês).

Atualmente, este serviço é contratado à Agência Espacial Federal Russa e o preço é elevado: o lugar de um astronauta em cada deslocação custa qualquer coisa como 71 milhões de dólares — por ano, a NASA paga à Rússia 400 milhões. O negócio vai deslocar estas enormes quantias para empresas norte-americanas e retirar a agência espacial da dependência das naves Russas, alugando veículos construídos e mantidos sob controlo e especificações da NASA.

O concurso que teve como vencedores a Boeing (4,2 mil milhões) e a SpaceX (2,6 mil milhões) deixou de fora um terceiro concorrente, a Sierra Nevada Corporation. A Quartz sublinha a surpresa por terem sido escolhidas duas empresas e não apenas uma, já que o número total de missões é bastante reduzido: cada empresa fará somente entre duas a seis viagens à Estação Espacial Internacional.

A Boeing, empresa com décadas de experiência aeroespacial — fez parte do consórcio que lançou o Space Shuttle no início da década de 1980 — posicionou-se desde o início como o principal parceiro da NASA, uma posição de força tomada politicamente pelo impacto industrial e social na economia (nomeadamente na perda de postos de trabalho), um contraponto importante em relação à dependência da gigante norte-americana dos motores ainda construídos na Rússia.

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Apesar da aparente desvantagem, a SpaceX, empresa fundada pelo multimilionário Elon Musk (dono da Tesla) não deixou cair os braços e desenhou um foguetão mais barato e uma cápsula de transporte mais avançada. Além disso, forçou legalmente a Força Aérea norte-americana a abrir espaço para a competição neste domínio.

O assunto é sério e não envolve apenas disputas legais e somas elevadas, o interesse estratégico é igualmente muito importante. Por um lado, o dinheiro atualmente canalizado para a Agência Espacial Federal Russa passa a ficar em território dos EUA, por outro, promove o desenvolvimento de tecnologia dentro de fronteiras, criando postos de trabalho e conhecimento, um impulso importante para a economia e para a independência dos EUA, bem sublinhada na declaração oficial deste anúncio. Novos desafios e projetos desta grandeza nunca se restringem a poucas empresas nem tão pouco a um país, muitos serão aqueles que irão tirar benefício da entrada de novas companhias na corrida espacial. A produção aeroespacial está presente em todo o mundo, novos desafios e parcerias serão estabelecidas.