O presidente da Letónia, Andris Berzins, deu neste domingo uma semana aos partidos para negociarem uma coligação de Governo, rejeitando deixar a formação do Executivo ao partido pró-russo Harmonia, o mais votado nas eleições de sábado. Numa entrevista à televisão da Letónia, Berzins sustentou que não é conveniente formar um Governo que não tenha o apoio da maioria parlamentar.

“Todos os partidos têm uma semana, a partir de amanhã [segunda-feira] para manter discussões internas e, naturalmente, também para contactos com potenciais parceiros para formar uma coligação”, disse o chefe de Estado. A proposta presidencial ocorre depois de os sociais-democratas do Harmonia, que defende os interesses da minoria russa na Letónia, ter sido confirmado como a forma mais votada nas eleições legislativas de sábado.

Segundo a comissão eleitoral, o Harmonia obteve 23,26 por cento dos votos, seguido dos conservadores do Unidade, da primeira-ministra Laimdota Straujuma, com 21,62 por cento, e da União de Verdes e Camponeses, que obteve 19,74 por cento dos verdes. Berzins acrescentou que ele próprio poderia começar negociações com partidos concretos dentro de uma semana antes de nomear candidato a primeiro-ministro.

“Não temos muito tempo, porque a partir 01 de janeiro temos que começar uma ação internacional muito ativa”, disse, numa alusão à presidência da União Europeia que o país assume pela primeira vez. Questionado sobre se o Harmonia deve integrar o Governo, o presidente adiantou que isso deve ser acordado e decidido pela coligação.

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“Isso deve ser decidido entre a coligação e o Harmonia. Não quero dar nenhuma indicação, nem instrução concreta. Têm uma semana para avaliar os resultados e as possibilidades”, insistiu.

Os resultados eleitorais parecem confirmar as previsões dos observadores de que o partido pró-russo, que defende os interesses de um terço da população da Letónia, ficará uma vez mais na oposição, apesar de ter sido o mais votado. O partido Harmonia saiu vencedor apesar de uma forte campanha contra a sua candidatura às eleições de sábado, que ficaram marcadas pela sombra da Rússia, especialmente depois da sua intervenção na Ucrânia e da anexação da Crimeia.

As previsões apontam agora para que a atual coligação de centro-direita, que integra o Unidade, o Partido das Reformas (desparecido este ano), a União Nacional e o Unidade de Verdes e Camponeses, volte a formar governo na antiga república soviética, atualmente membro da União Europeia e da NATO.