A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que o sarampo está mais letal, tendo provocado 145.700 óbitos em 2013, comparativamente aos 122.000 registados em 2012. Em comunicado, publicado na sua página na Internet, a OMS refere que, do total de óbitos registados em 2013, a Índia, Nigéria, Paquistão, Etiópia, Indonésia e República Democrática do Congo foram os mais atingidos, cumulativamente com 70%.
Os valores constam do registo epidemiológico semanal, publicado conjuntamente pela OMS e pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, com as duas instituições a referirem que as mortes por sarampo representam uma queda de 75% na mortalidade desde 2000, abaixo da meta de redução intermédia definida de 95% até 2015.
Em 2013, lê-se no balanço conjunto, 205 milhões de crianças foram imunizadas contra o sarampo através de campanhas de grande escala em 34 países, incluindo Camboja, Cabo Verde, Gana, Jordânia, Senegal e Sudão. “No entanto, enquanto a cobertura estimada com a primeira dose da vacina contra o sarampo aumentou globalmente para 83%, em 2009, no ano passado, tendência manteve-se estática na ordem dos 83 a 84%”, assinala a nota da agência das Nações Unidas.
De acordo com a OMS e o CDC, mais de 60% dos cerca de 21,5 milhões de crianças que não foram vacinadas contra o sarampo aos nove meses de idade no ano passado são provenientes de seis países: Índia, com 6,4 milhões, Nigéria (2,7 milhões), Paquistão (1,7 milhões), Etiópia (1,1 milhões), Indonésia e República Democrática do Congo, ambos com 0,7 milhões de casos.
Comentando a situação, o responsável pelo Departamento de Imunização, Vacinas e Produtos Biológicos da OMS, Peter Strebel, considerou que “os países precisam urgentemente de dar prioridade à manutenção e melhoria da cobertura da vacinação”. “A incapacidade para inverter esta tendência alarmante poderia comprometer a dinâmica gerada por uma década de conquistas na redução da mortalidade por sarampo”, assinalou.
Durante a Assembleia Mundial da Saúde realizada em 2012, os Estados membros da ONU definiram um Plano de Ação Global de Vacinas visando eliminar a epidemia que atinge vários países do globo terrestre.
A doença, altamente contagiosa, é transmitida por secreções respiratórias como espirros e tosse. Apesar de ser evitável por vacina, o sarampo ainda é uma importante causa de morte de crianças em todo o mundo, pelo que “são necessários maiores esforços para manter o nível atual de controlo visando continuar a reduzir o número de casos e de óbitos”, consideram a OMS e o CDC.
Para a agência da ONU e o organismo do departamento de saúde norte-americano, o aumento de casos da doença em 2013 deveu-se em grande parte aos surtos registados na China, República Democrática do Congo e Nigéria, mas no mesmo ano a epidemia apareceu em outras partes do mundo. O fraco sistema de saúde e a deslocação populacional, devido aos conflitos em alguns países, têm dificultado os esforços de vacinação contra o sarampo, consideram as duas organizações.
Por exemplo, “a região europeia viu ressurgir o surto em vários países, incluindo a Geórgia, Turquia e Ucrânia”, por isso “um renovado compromisso político de alto nível é necessário para inverter esta tendência”, defendem a agência da ONU e o CDC.
A propósito, o responsável pelo programa de imunização do sarampo e rubéola no Fundo da ONU para Infância (UNICEF), Robert Kezaala, afirmou que, apesar dos “ganhos impressionantes” que têm sido feitos no sentido de eliminar o sarampo nos últimos anos, a redução de financiamento coloca estes resultados em risco.
Mas, Segundo Robert Kezaala, as medidas adotadas para vacinação evitaram a morte de 15,6 milhões de mortes entre 2000 e 2013.