O grupo de oito montanhistas da Federação de Montanhismo que participou nas buscas por João Marinho, desaparecido desde início de novembro nos Picos da Europa em Espanha, procurou em dezenas de buracos da montanha, sem encontrar indícios do português.

Carlos Teixeira, vice-presidente da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, relatou à agência Lusa que o grupo de oito voluntários regressou quinta-feira dos Picos da Europa, onde se deslocou a pedido da família de João Marinho na tentativa de encontrar o paradeiro do jovem montanhista natural de Amarante. “Conseguimos, apesar de todas as dificuldades, chegar aonde ainda ninguém tinha chegado. Isso foi gratificante para a família, atendemos alguns pedidos, algumas premonições que a família teve, fomos a locais que a família solicitou”, disse Carlos Teixeira, frisando que a equipa procurou em “dezenas de buracos na rocha a presença de João Marinho”.

O montanhista contou que quando o grupo chegou encontrou-se com a família de João Marinho e definiu como objetivo ir até “ao limite das capacidades”, enfrentando as contingências meteorológicas e de terreno, explicando que fizeram junto da Guardia Civil espanhola o registo de entrada e saída da montanha, cumprindo ao máximo as precauções recomendadas.

De acordo com Carlos Teixeira, entre domingo e quarta-feira passados, o grupo foi deparou-se com chuva e nevoeiro, além da neve, a partir de determinada altitude, no que foi para estes voluntários a maior dificuldade enfrentada, tendo em conta que o nevão escondia os buracos naturais. “A zona dos Picos da Europa tem muitos buracos. É uma zona calcária, com rochas muito sedimentares que formam muitas grutas e buracos, o que se torna muito perigoso com a coberta da neve, as pessoas não sabem para onde andam”, explicou.

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Carlos Teixeira referiu que, apesar das condições atmosféricas, a equipa conseguiu chegar a La Forcadona, um local ao qual a família pediu para ir e que ainda não tinha sido vasculhado. “Passamos La Forcadona e conseguimos ir até ao refúgio que estava marcado no traçado de GPS do João [Marinho],mas não encontramos nada. Vasculhamos o lixo à procura de algum indício da presença dele no local, mas não detetamos nada, só lixo normal, que não indiciava a presença do João naquele local”, explicou.

O montanhista sublinhou que João Marinho era “um jovem aventureiro” com “muita experiência de montanha, preparado para situações extremas, com equipamento adequado”, mas que alguma coisa falhou. Carlos Teixeira enalteceu ainda as manifestações de solidariedade das autoridades espanholas, destacando a presença de 27 militares na montanha, que, precisando de fazer exercícios de preparação, foram para o local e procuraram também por João Marinho. As últimas fotografias de João Marinho nas redes sociais Facebook e Instagram datam de 4 de novembro passado e nelas o aventureiro aparece com o equipamento de montanha e com os Picos da Europa como pano de fundo.

João Marinho foi o impulsionador do Douro Bike Race, organizou a prova de BTT Mountain Quest e o Réccua Douro Ultra Trail.