Ao lidar com casos complicados ou pouco comuns, os médicos costumam pagar para aceder a bancos de dados com imagens e informações ou procuram referências em livros de medicina ou em outros documentos clínicos em hospitais e centros de saúde. O processo pode ser lento e o conhecimento adquirido em outras partes do mundo, que podia ajudar a salvar vidas, não é transmitido de maneira imediata.
Foi ao perceber este problema que o médico canadiano Joshua Landy teve a ideia de criar o Figure 1, uma aplicação onde os profissionais da saúde podem partilhar imagens de casos complexos, como se fosse uma espécie de Instagram. “Vejo vários casos complexos que são partilhados com outros profissionais, mas a dor de não ter um sistema próprio para partilhar imagens ou a discussão de casos é um obstáculo”, explica Landy à página ibtimes.
O médico percebeu que os seus internos costumavam trocar imagens sobre casos médicos por email ou mensagens instantâneas e que este conhecimento perdia-se facilmente. “Muitas vezes um professor guarda algumas fotocópias de casos mais difíceis em gavetas para utilizá-las no ensino. Estes ficheiros não protegem a privacidade dos pacientes, pois não permitem remover detalhes pessoais do paciente, como um rosto, tatuagem ou nome”. A aplicação foi inicialmente testada por estudantes de medicina de 18 universidades do Reino Unido, incluindo Oxford, o University College London e da Universidade de Edimburgo, e tem sido um sucesso. Nos Estados Unidos, estima-se que 20% dos estudantes de medicina utilizam-na diariamente.
Como funciona o Figure 1
A aplicação é gratuita e está disponível para download na App Store iTunes e Google Play, mas apenas em seis países onde foi aprovada pela lei de privacidade pelos conselhos de saúde: Reino Unido, Irlanda, EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. O resto do mundo também pode inscrever-se pela página Web, mas sem a possibilidade de comentar ou fazer upload de imagens até que o país aprove o uso da aplicação. Segundo Joshua Landy, o Figure 1 estará disponível na Europa ocidental a partir de 2015.
No ato de inscrição, os profissionais de saúde passam por um processo de verificação da sua licença médica antes de ter acesso ao conteúdo partilhado, mas têm de assinar um termo de consentimento afirmando que agem de acordo com as leis de privacidade médicas da sua região. As imagens devem ter ativo o recurso “Face Block”, que remove detalhes pessoais dos pacientes para que não sejam identificados. Assim como o Instagram, os utilizadores podem postar comentários em imagens, marcá-las com etiquetas e buscar casos médicos através da anatomia ou especialidade.