O presidente moçambicano, Armando Guebuza, demitiu esta quarta-feira os membros do Governo, na véspera da posse do seu sucessor, Filipe Nyusi, informa um comunicado da presidência.

Ao todo, 61 ministros, vice-ministros, governadores provinciais, conselheiros, assessores e a diretora do Gabinete da Esposa do Presidente da República foram hoje demitidos por Armando Guebuza, no último dia em funções como chefe de Estado.

No dia 9, o presidente moçambicano já tinha exonerado o primeiro-ministro, Alberto Vaquina, seis ministros, três governadores provinciais e dois conselheiros, para que pudessem tomar posse como deputados na passada segunda-feira.

Filipe Nyusi, da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, no poder desde a independência em 1975) toma posse na quinta-feira como quarto Presidente da República moçambicano, sucedendo a Armando Guebuza, que se manteve dez anos no cargo, distribuídos em dois mandatos.

“Posse de Filipe Nyusi é ilegal”

O líder da Renamo, maior partido de oposição em Moçambique, Afonso Dhlakama, considerou hoje que a posse de Filipe Nyusi como Presidente da República, na quinta-feira, “é ilegal” e que vários estadistas estarão ausentes por “vergonha” após uma fraude eleitoral.

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Num comício na cidade de Chimoio, Manica, Afonso Dhakama, líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), anunciou que, no dia da investidura de Filipe Nyusi, estará em Quelimane, Zambézia, província do centro de Moçambique atingida por cheias de grandes proporções.

Dhlakama e a Renamo contestam os resultados das eleições gerais de 15 de outubro, que deram a vitória à Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), nas legislativas, e ao seu candidato presidencial, Filipe Nyusi, alegando numerosas irregularidades eleitorais, entretanto rejeitadas pelo Conselho Constitucional.

Para o líder da Renamo, seria “incoerente” assistir à cerimónia de posse de Nyusi, do mesmo modo que considera que a ausência de vários líderes africanos e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa é justificada por “vergonha e ressentimento” após as alegadas fraudes eleitorais. A Renamo já tinha boicotado as posses de quatro assembleias provinciais no dia 9 e da Assembleia da República, na segunda-feira.

A diplomacia de Maputo anunciou na terça-feira as presenças na posse de Nyusi de cinco chefes de estado: Portugal, Lesoto, Tanzânia, Malaui e Namíbia. “Todos sabem que o Nyusi não ganhou, por isso muitos presidentes europeus e africanos sentem vergonha e não vão participar da investidura”, afirmou Dhlakama, adiantando que entende a presença de Portugal, “forçada pelo ressentimento de colonização” e o “desprezo de outros governos” ao mandar ministros.