Uma funcionária da ONU foi sequestrada esta terça-feira em Bangui, um dia depois do rapto de duas pessoas pelas milícias cristãs ‘antibalaka’, disse uma fonte da Missão das Nações Unidas na República Centro-Africana (Minusca).

“Uma colega do gabinete que se preparava para ir trabalhar foi sequestrada esta manhã por um grupo de homens armados, semelhante aos elementos das milícias ‘antibalaka’. Ela estava com uma outra colega, de nacionalidade ugandesa, num miniautocarro da ONU, que todas as manhãs leva os funcionários para o escritório”, acrescentou a mesma fonte, citada pela agência noticiosa francesa AFP.

O sequestro ocorreu no bairro Combattant, na zona norte da capital, próximo do aeroporto, disse.

A nacionalidade da funcionária sequestrada não foi divulgada.

“Os sequestradores queriam levá-la numa motorizada. Ela resistiu. Chamaram um táxi e obrigaram-a a entrar. O táxi seguiu na direção do bairro Damala” (norte), adjacente ao Combattant e onde as milícias ‘antibalaka’ são muito ativas, afirmou a mesma fonte.

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“A colega ugandesa conseguiu fugir”, disse.

A Minusca condenou este “ato intolerável” e exigiu a libertação “imediata e incondicional” da sua funcionária e das duas pessoas sequestradas na segunda-feira.

Soldados da Minusca estão destacados no bairro Boy-Rabe (nordeste de Bangui), bastião dos ‘antibalaka’, onde multiplicaram as patrulhas a pé, ao início da manhã de hoje.

Foi neste bairro que se refugiaram os raptores de uma francesa, de 67 anos, e de um funcionário da organização não-governamental Codis (Coordenação diocesana de saúde). As negociações para libertar os dois reféns continuam.

De acordo com outra fonte citada pela AFP, o sequestro de segunda-feira foi realizado por milicianos ‘antibalaka’, descontentes com a detenção de Rodrigue Ngaibona “general Andjilo”, poderoso chefe ‘antibalaka’ detido no sábado em Bouca (noroeste).

O “general Andjilo” tinha fugido da capital, depois de ter sido considerado um dos suspeitos de ter desencadeado massacres de muçulmanos a 05 de dezembro do ano passado, em Bangui.

A República Centro-Africana é palco de violências interreligiosas desde que o presidente François Bozizé foi afastado do poder, em março de 2013, por uma coligação predominantemente muçulmana, a Séléka.

Desde o início da intervenção francesa no país – a operação ‘Sangaris’ foi lançada em dezembro do mesmo ano -, as violências entre as milícias cristãs ‘antibalaka’ (antimachete, em língua sago) e a Séléka multiplicaram-se, levando a crise do golpe de Estado a uma “crise interreligiosa”.