Bombons, brigadeiros, macarons, trufas e tabletes. Chocolates de diferentes feitos e nacionalidades invadem a capital portuguesa durante quatro dias. A iniciativa Chocolate em Lisboa, de 5 a 8 de fevereiro na Praça de Touros do Campo Pequeno, traz consigo marcas de chocolate nacionais — Chocolataria Equador e Denegro — e internacionais — Callebaut e Valrhona –, com um total de 70 expositores a marcar presença.

Caso pretenda visitar uma feira onde a pasta de cacau adocicada é rainha e senhora, deixamos algumas curiosidades sobre o chocolate, para que possa sair da Praça de Touros com a barriga cheia mas a consciência mais leve. Odete Estevão é nutricionista, presidente e fundadora do Cacau Clube de Portugal, uma organização sem fins lucrativos que leva dez anos de existência e que está associada ao evento, e partilhou com o Observador dez factos sobre aquela que já foi “a bebida dos deuses, um remédio milagreiro e personagem de romances”, como se lê na página oficial do clube.

 

1. Ponha o alarme: a melhor altura para se comer chocolate é às 11.00 e às 17.00, porque é quando o palato está limpo de substâncias. Isto significa que “conseguimos saborear melhor o chocolate e perceber os seus aromas”, explica Odete Estevão.

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2. Por dia pode-se comer, em média, até 50 gramas de chocolate, desde que ele tenha pelo menos 70% de cacau. Isto equivale a metade de uma tablete.

3. Achou muito? É que, ao contrário do que se possa pensar, o chocolate não engorda. “O problema é quando as pessoas não comem chocolate bom. Quando isso acontece é sinal de que estão a comer chocolate com outras gorduras, ao invés de conter manteiga de cacau”, diz Odete. Na opinião da chocolatier, deve-se comer chocolate com 60 a 75% de cacau para que o açúcar exerça a sua função, isto é, abrir as moléculas voláteis do cacau: “quando partimos o chocolate experimentamos aromas e esses aromas vêm, num sentido químico, com a ajuda do açúcar.” Se um chocolate não tiver açúcar, como acontece com as tabletes acima de 80% de cacau, não tem aromas. “Nós vivemos para os aromas e um bocadinho de açúcar não faz mal a ninguém.”

4. O chocolate provém da semente de cacau, dividida em substância escura (aquilo que dá cor ao chocolate) e em manteiga de cacau, posteriormente transformada em pasta de cacau que serve de base para os chocolates. Só se fala em chocolate quando há açúcar à mistura, mas a base continua a ter vários benefícios porque a semente de cacau tem diferentes minerais e um deles é o potássio, que equilibra o sal que ingerimos a mais. “Um bom chocolate terá uma boa quantidade de potássio, mas não convém comermos muito chocolate só porque comemos muito sal”, brinca Odete Estevão.

5. Mas há mais benefícios: a semente de cacau é composta por polifenólicos, os chamados antioxidantes que têm propriedades antienvelhecimento.

6. Este é mais conhecido, mas não faz mal nenhum recordar: o chocolate é ativante e provoca felicidade. Odete conta que bebe uma caneca de cacau em pó há 20 anos, todos os dias de manhã, e não bebe nem café nem chá. Embora o cacau tenha uma mínima percentagem de cafeína, está munido de teobromina, a substância que estimula as hormonas que nos dão prazer.

7. Lembra-se da velha história de que os doces fazem mal aos dentes? Reveja essa matéria porque quando se come chocolate negro, a parte negra — o que proporciona a cor castanha ao chocolate — tem flúor que é ótimo para os dentes.

8. Leu bem, a parte negra. Se prefere chocolate branco, más notícias: uma tablete deste tipo tem, em média, 3 a 5% de manteiga de cacau, bastante menos do que o chocolate tradicional, razão pela qual Odete não o aconselha.

9. O chocolate varia consoante os terrenos e os países produtores que se encontram na faixa equatorial. Há diferentes sementes, muito à semelhança do que acontece com as castas. São três os principais tipos de cacau: Crioulo, Forasteiro e Trindário.

10. Ainda na mesma lógica dos vinhos, a semente de cacau ganha aromas consoante os países de onde é oriunda e tendo em conta os solos e a temperatura. Por esse motivo, é possível encontrar cacau mais ácido e outro mais floreado, como é o caso do que é proveniente do Madagáscar.