(Artigo atualizado pela última vez às 18:36)
A agência de rating norte-americana Standard & Poor’s cortou hoje o rating da Grécia em um nível, para B-, com a ameaça de que novos cortes podem estar para chegar no futuro próximo, caso as condições de financiamento da economia grega, tanto do Estado como das empresas, se venham a deteriorar ainda mais que o esperado.
Depois de uma semana plena de acontecimentos relacionados com a Grécia, a agência de rating Standard & Poor’s decidiu entregar mais uma má notícia ao Governo grego: o rating da Grécia é reduzido em nível e pode vir a descer ainda mais.
A tendência até vinha a ser a contrária na parte final do ano passado. Depois de os anos entre 2010 e 2012 terem sido desastrosos e colocarem o rating da Grécia no pior nível do mundo, a Grécia viu a Standard & Poor’s aumentar o seu rating de B- para B, em setembro de 2014.
Agora, a agência de rating diz que a Grécia está com maiores constrangimentos para conseguir liquidez e isso faz com que o tempo para que o novo Governo consiga um acordo com os seus credores oficiais (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) seja mais curto.
O problema, diz a S&P, é que enquanto isso não acontece, a incerteza que rodeia o futuro da economia grega vai exacerbar a fuga de depósitos dos bancos gregos, fazer baixar ainda mais os níveis de investimento na economia e reduzir um já baixo nível de pagamento de impostos.
“O downgrade representa a nossa visão que os constrangimentos de liquidez que pesam sobre os bancos gregos e a sua economia limitaram o tempo que o novo Governo terá para chegar a um acordo sobre o programa de financiamento com os seus credores oficiais; os Estados-membros da União Europeia, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional”, diz a S&P.
A agência nota que é verdade que o novo Governo ainda tem menos de duas semanas no poder, mas que também é verdade que a Grécia tem reservas de tesouraria curtas e os reembolsos que terá de fazer em breve vão negociar a sua capacidade para negociar.
Por isso, diz a S&P, “o prolongar das negociações com os credores oficiais pode levar também a um aumento da pressão sobre a estabilidade financeira sob a forma de fuga de depósitos e, no pior cenário, na imposição de controlos de capitais e perda de acesso ao financiamento de emergência, resultando potencialmente na exclusão da Grécia da União Económica e Monetária”.
Apesar de levantar esta hipótese em caso de realização do pior cenário, a agência diz de seguida que os bancos devem conseguir o financiamento necessário que vão perder no BCE através dos empréstimos de emergência do Banco Central da Grécia.
O fator chave para esta agência de rating será o tempo demorado para se conseguir um acordo e como se portarão os níveis de depósitos dos bancos gregos. Se a fuga continuar, os bancos podem precisar de mais financiamento e, eventualmente, mais capital. Recorde-se que caso os bancos tenham problemas de solvência, não podem aceder ao financiamento de emergência do Banco Central da Grécia.
Durante toda a semana, Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis, primeiro-ministro e ministros das Finanças da Grécia, têm tido encontros um pouco por toda a Europa com os principais países e com os representantes dos credores. O primeiro-encontro foi de Varoufakis com Dijsselbloem, exatamente há uma semana.
Varoufakis reuniu-se com Mario Draghi na quarta-feira de manhã, tendo a decisão do BCE de deixar de aceitar dívida pública grega como colateral chegado no final desse dia.
No dia seguinte reuniu-se com o ministro das Finanças da Alemanha, o maior opositor da sua estratégia, pelo menos publicamente, e no fim, para Schäuble, acordaram em discordar, para Varoufakis nem isso.
Na quarta-feira da próxima semana haverá uma reunião de emergência do Eurogrupo para falar apenas sobre a Grécia. O presidente do Eurogrupo já disse no entanto que os parceiros europeus não dão empréstimos de transição, como pedia a Grécia (1,9 mil milhões de euros até julho).
Em cima da mesa estará a proposta grega para a reestruturação da dívida pública, que inclui trocar a divida aos parceiros europeus por obrigações indexadas ao crescimento e a dívida que tem ao BCE por obrigações perpétuas (sem prazo para devolver o valor emprestado, e ainda não se sabe se irá ser proposto uma taxa de juro a pagar e que valor poderia ser).