Uma equipa do Instituto de Medicina Molecular (IMM) obteve financiamento de seis milhões de euros da Comissão Europeia, para coordenar uma investigação sobre o tratamento de uma complicação do transplante da medula óssea, foi anunciado na segunda-feira. A equipa liderada por João Forjaz de Lacerda do IMM, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), obteve financiamento do Programa Horizonte 2020 para coordenar um projeto de investigação clínica para o tratamento da doença do enxerto contra o hospedeiro, explica o instituto em comunicado.

Denominado TREGeneration, o projeto tem a duração de cinco anos e será conduzido pela equipa do IMM, em parceria com o Hospital de Santa Maria e a FMUL. Fazem ainda parte do consórcio a Alemanha, a Bélgica, a Itália e o Reino Unido.

Este consórcio realizará um conjunto de cinco ensaios clínicos paralelos em doentes com uma complicação do transplante de medula óssea denominada doença do enxerto contra o hospedeiro, na qual as células imunitárias do dador “atacam” tecidos e órgãos do doente transplantado, uma doença que ocorre em 30% a 50% dos doentes.

Este projeto vai testar uma abordagem terapêutica mais específica e com menos efeitos secundários em doentes que não respondem às atuais estratégias de tratamento, sendo que cada ensaio contará com cerca de 20 participantes. Os doentes vão ser tratados com células do respetivo dador de medula óssea com função supressora (células T reguladoras), que são purificadas no laboratório e subsequentemente infundidas ao doente.

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Trata-se de ensaios clínicos de Fase I/II que procuram identificar o número seguro de células a administrar e dados preliminares de eficácia. “Dado que as células com função supressora são raras no sangue periférico, temos de utilizar três passos sucessivos para as purificar no laboratório antes de as administrar ao doente”, afirmou João Forjaz de Lacerda.

Em Portugal, para além dos doentes do Serviço de Hematologia e Transplante de Medula do Hospital de Santa Maria, os serviços de transplante de medula óssea dos IPOs do Porto e de Lisboa irão também participar no estudo, acrescenta a nota.

O grupo de João Forjaz de Lacerda, Maria Soares e Rita Azevedo conceberam o projeto e propuseram-no a financiamento, cabendo-lhe agora a sua coordenação científica e financeira. O TREGeneration tem atribuída uma verba de 6 milhões de euros, dos quais cerca de 1,6 milhões são para os estudos desenvolvidos em território nacional.