O secretário-geral do PCP acusou hoje o primeiro-ministro de querer transformar Portugal numa “Singapura da Europa”, com baixos salários e benefícios fiscais aos grandes grupos empresariais, durante um jantar-comício em Lisboa. Jerónimo de Sousa, perante uma plateia de sindicalistas, lembrou afirmações de Passos Coelho no Japão, sobre a possibilidade de Portugal se poder tornar o país mais competitivo do Mundo, classificando-as de “farronca (‘garganta’)”.

“‘Venham para Portugal, que podemos transformá-lo na Singapura da Europa, através dos baixos salários'”, imitou ironicamente o secretário-geral do PCP, elogiando o líder da maioria PSD/CDS-PP pelo “mérito de dizê-lo num sítio apropriado, a Fundação Champalimaud”.

Na véspera, o chefe do Governo apontara a redução do custo do trabalho para as empresas como uma reforma por fazer e afirmou que a quer concretizar nos próximos anos, com o apoio da União Europeia (UE), numa conferência sobre investimento nas instalações daquela fundação lisboeta.

“[Passos Coelho] Dizia que nós temos de reduzir os custos do trabalho nas empresas, a par do alívio fiscal dos grandes grupos económicos e financeiros pela via do abaixamento do IRC”, lamentou Jerónimo de Sousa, contrariando com a proposta comunista: “alívio da carga fiscal aos trabalhadores” com o dinheiro que se encontrar, “carregando naqueles que têm sido beneficiados, nos dividendos e lucros que Passos Coelho quer aliviar”.

O líder do PCP criticou também “um PS desaparecido em combate, comprometido que estava com as políticas da ‘troika'” nos últimos três anos e o anunciado “Plano Nacional de Reformas (PNR)” do executivo. “PNR, que raio de nome haviam de arranjar (…) para cortar 900 milhões na saúde, mais uns milhões na educação, mais 150 milhões na proteção social”, ironizou.

Jerónimo de Sousa congratulou-se ainda com o esforço dos militantes comunistas da Madeira, sublinhando as “condições muito difíceis” em que obtiveram “o maior resultado da sempre da CDU (Coligação Democrática Unitária)” nas recentes eleições e acrescentando que podiam ter conseguido até um terceiro deputado na Assembleia Regional da Madeira, impedindo a maioria absoluta do PSD.

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