Quem é frequentador assíduo das redes sociais está mais do que familiarizado com a frase de Confúcio, campeã de partilhas: “escolha um trabalho de que goste e não terá de trabalhar nem um dia na sua vida”. Uma espécie de “quem corre por gosto não cansa” em versão filosófica. No entanto, a ciência vem dizer que as coisas não são bem assim.

Segundo a Quartz, diversos estudos já mostraram que a falta de férias e muitos dias de trabalho seguidos podem ter efeitos nefastos na saúde física e mental das pessoas. Parar é não só imperioso para melhorar o bem estar como pode diminuir as probabilidades de vir a ter certas doenças cardíacas.

O problema é que muitos trabalhadores parecem andar no sentido contrário. Em declarações ao New York Daily News, Susan Pollak, instrutora clínica em psicologia na Harvard Medical School, diz que tem visto cada vez mais pessoas que não tiram férias no seu consultório, ou que continuam ligados ao trabalho mesmo estando longe. “Tirar férias pode ser um ato radical. A preocupação das pessoas é que se se afastarem e desligarem completamente, isso será visto como não levar o trabalho a sério. No entanto, tirar uns dias ajuda a rejuvenescer e a ganhar perspetiva sobre o que é de facto importante na vida. Assim como não é sustentável deixar o nosso corpo passar fome, também pagamos o preço de deixar a nossa mente sem descanso, diversão, sem aproveitar o tempo com os parceiros e com os filhos, e sem os simples prazeres da vida, tais como um pôr do sol ou um piquenique.”

Alguns estudos sobre os malefícios do trabalho em excesso

As fontes são diversas, mas as conclusões semelhantes. Um estudo de 2012 sobre excesso de trabalho mostrou que as pessoas que trabalham 11 horas diárias, em vez de oito, duplicam as probabilidades de vir a ter um episódio depressivo, mesmo sem qualquer antecedente.

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Já o chamado estudo de Framinghan, que continua em curso, mostrou em 1991 que donas de casa que tiravam férias uma vez a cada seis anos ou menos duplicavam as hipóteses de vir a ter um ataque cardíaco, em comparação com aquelas que tiravam férias duas ou mais vezes por ano.

Outro estudo mais recente revelou que trabalhar dez ou mais horas por dia traduz-se num aumento de 80 por cento da probabilidade de doença coronária, tanto nos homens como nas mulheres.

Trabalhar demais também pode prejudicar a produtividade. Esta conclusão é de um estudo de 2012 que mostrou que deixar a mente afastar-se das preocupações do trabalho durante um período de tempo aumenta a criatividade. Quatro anos antes já outra investigação tinha mostrado que quem não tem tempos mortos tem menos funções cognitivas.

Também há dados sobre o benefício das férias. Em 2013, um estudo da Uppsala University, na Suécia, descobriu que a venda de antidepressivos diminuía à medida a que as pessoas tiravam mais dias de descanso. Sendo que, de acordo com um outro estudo de 2006, os efeitos positivos das férias duram ainda mais tempo se praticar exercícios de relaxamento como ioga.

Não o use como desculpa para dar uma de Homer Simpson e não fazer nada, mas interiorize isto: é essencial quebrar o ciclo de stress crónico, em nome da sua saúde.