A proposta da Comissão Europeia de “roaming-like-at-home”, que é o mesmo que dizer fim das tarifas de “roaming” na Europa, está agendado para junho de 2017. Em Portugal, os operadores de telecomunicações estão preocupados e criticam a medida, avisando que alguém vai ter de pagar. E o mais provável é que o custo recaia sobre para os consumidores portugueses, alertam os presidentes da NOS, MEO e Vodafone.

“Esta ideia peregrina dos países do Norte de utilizarem gratuitamente as infraestruturas que nós temos cá, que os nossos acionistas pagaram, apenas para agradar a alguns senhores de Bruxelas, é uma coisa que não tem nexo”, afirmou Miguel Almeida, presidente executivo da NOS, durante o debate “Players e modelos de negócio novos – como será o setor das telecomunicações no futuro?”, no âmbito da conferência “Regulação no novo ecossistema digital”, organizado pela Anacom.

O presidente executivo da NOS considerou a medida “inaceitável” pois, tratando-se Portugal de um país que é grande receptor de turismo, os pratos da balança ficam muito desequilibrados para as empresas portuguesas, pois terão um grande fluxo de tráfego gratuito sobre as suas redes, enquanto o inverso não acontece, queixou-se o gestor. E, por isso mesmo, Miguel Almeida garantiu: “só vai onerar ainda mais os consumidores portugueses”, porque “há um custo que tem de ser pago”.

Miguel Almeida concluiu explicando que o “roaming” é um “custo efetivo” e recordou que alguém vai ter de pagar a taxa, o que neste caso são os portugueses “sem qualquer benefício”, o que é “um grande absurdo”.

Momentos antes, já a presidente da Anacom, Fátima Barros, tinha alertado para a questão do fim do roaming e para a discrepância entre os países do Norte e os do Sul, escreve o Público. Para Fátima Barros poderá criar-se uma situação em que “quem não viaja, paga por quem viaja”, uma vez que os portugueses viajam muito menos do que os europeus do Norte e que, apesar da perda de receitas com “roaming”, os operadores vão continuar a ter um custo que “alguém terá sempre de pagar”.

Também o presidente executivo da PT Portugal (MEO), Paulo Neves, disse concordar com a posição de Miguel Almeida, e alertou ainda para um outro problema: o do impacto “nos picos de rede” quando “sazonalmente o Algarve” for “invadido pelos turistas”.

“Não sei se as redes estarão preparadas”, afirmou Paulo Neves, numa alusão à perspetiva de que com o fim do “roaming” os turistas deixarão de se conter na duração das chamadas de telemóvel.

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