Nas eleições legislativas de 2011, a abstenção atingiu um nível recorde. Mais de 41,9% dos eleitores inscritos não apareceram nas mesas de voto, percentagem superior em mais de 1,5 pontos àquela que se verificou dois anos antes. Políticos e comentadores costumam manifestar preocupação por este nível de alheamento dos cidadãos. Passadas as primeiras horas após o apuramento dos resultados, o tema cai no esquecimento. Talvez esteja na altura de os eleitores que estão convencidos que o seu voto não tem influência tomarem o assunto em mãos. Aqui ficam sete razões para ir votar.

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Quando a indiferença ou a preguiça tomam conta de si, não há desculpa que não sirva para fugir ao exercício do direito de voto. A meteorologia é uma daquelas que tem as costas bem largas. Ora bem. De acordo com o site Accuweather, 4 de outubro de 2015 não será um dia de verão retardado, o que proporcionaria a conveniente justificação de que na praia é que se estaria bem. As previsões referem que haverá chuva em diversas regiões do país, motivo suficiente para que muitos eleitores decidam ficar em casa, receosos da água. Não há razões para isso. Um simples guarda-chuva resolve o problema. E, num país de marinheiros, recuar perante a possibilidade de se ficar molhado é uma forma de desonrar a História.

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As sondagens sobre as eleições legislativas de 4 de outubro começaram por refletir a possibilidade de o resultado ser um empate entre a coligação PSD/CDS e o PS. Nos dias mais recentes, os estudos de opinião tendem a dar a vitória à coligação que esteve no poder desde 2011. Mas aquilo que as sondagens indicam nem sempre se verifica quando chega a hora da verdade. O xadrez para construir uma maioria, de direita, de esquerda ou do “centrão”, pode vir a ser um jogo complicado. Em democracia, por um voto se ganha e por um voto se perde. O seu também conta. E assume maior importância quando está em causa a governabilidade futura.

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Alhear-se das decisões eleitorais é um direito que só as democracias que instituíram o voto obrigatório não reconhecem. Significa que não acredita nos partidos que concorrem no acto eleitoral, não se revê em quaisquer propostas, não tem confiança em qualquer dos políticos que se candidatam. Mas a abstenção também representa a abdicação do seu poder de decisão, que fica depositado nas mãos de quem se dá ao trabalho de ir às mesas de voto expressar uma escolha. No fim, se os resultados não lhe agradarem, a culpa passa por si quando toma consciência de que “afinal, teria sido melhor ir lá”. Além do mais, votar é uma forma de travar aqueles que, alicerçados nos níveis da abstenção, defendem o derrube da democracia. Nunca dê a liberdade como um valor adquirido para sempre e recorde-se que o direito de voto para todos os cidadãos custou muito a conquistar. Não merece ser negligenciado.

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É verdade nas leis da física e é verdade na vida política: o vazio tende a ser preenchido. É por esta razão que, ainda que houvesse legislação eleitoral que o previsse, fazer reflectir o peso da abstenção na Assembleia da República não faria grande sentido. Deputados podem defender os seus pontos de vista. O vazio não defende coisa alguma. Seria apenas um conjunto de cadeiras abandonadas com as quais os eleitos iriam habituar-se a conviver, ainda que, a princípio, se sentissem incomodados com a situação. Aqui está um motivo para evitar dar força a ideias inconsequentes.

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“Só neste país”. Este é um dos desabafos mais escutados quando alguém decide verbalizar frustração perante um problema concreto ou pelo estado geral do país, quer se viva em tempos de vacas gordas, meio gordas ou magras. Outra queixa é a de que “o regime está podre”. Ninguém pode negar que há muitos problemas para resolver. Mas a questão está em que o regime somos nós e depende da vontade de cada um dos cidadãos tomar a iniciativa de mudar ou de manter tudo como está. Se o país está mal, faça alguma coisa para que a situação se altere. Vote, por exemplo. Sabe que mais? O acto eleitoral já está pago com o dinheiro dos seus impostos. E, se está pago, não desperdice o serviço.

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Há quem prefira deslocar-se a uma mesa de voto para deixar na urna uma folha imaculada, tal como foi recebida, ou rascunhar alguma frase de protesto ou bem humorada. É uma forma de manifestar descontentamento, desilusão ou desconfiança perante os partidos e candidatos que se apresentam a escrutínio, mais participativa do que aquela que caracteriza os abstencionistas, puros e duros, que optam por uma posição passiva. Tudo bem. A democracia também passa por aqui. Mas convém saber que, para o apuramento dos lugares de deputados, os votos brancos e nulos não têm qualquer significado, apesar de serem contabilizados nas contas finais dos resultados das eleições.

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É certo que um adepto do futebol gosta de apreciar um bom jogo, mesmo que não seja um militante irredutível de uma das equipas em competição este domingo (e logo o Benfica, Porto e Sporting). Mas quem gosta do desporto também sabe que, quando se tem uma preferência por um dos clubes, a partida é vivida de forma mais intensa. Faça a sua escolha, aguarde pelo encerramento das urnas e aproveite a oportunidade para desfrutar um serão de emoções fortes.