A Barbie continua a ser feita do mesmo material plastificado, a diferença é que agora representa a diversidade das mulheres de carne e osso. Há cabelo azul e loiro, há negras, brancas, ruivas e morenas, altas, baixas ou com a anca larga. Ou seja, a famosa boneca tornou-se mais real e menos estereótipo de uma beleza inexistente.

A Mattel foi aplaudida pela novidade e o Ken juntou-se ao eco de vozes declarando, num comunicado enviado à revista Time — onde as novas curvas da ex-loura fizeram capa — que “iria amar a Barbie para sempre, independentemente do seu tamanho”. A declaração sentida do companheiro da boneca desde 1961 fala ainda da sua história de amor e nota que a Barbie não tinha, até agora, peso suficiente para fazer parasailing, enaltecendo ainda o facto de a boneca representar agora todas as raças e culturas.

https://twitter.com/TIME/status/692688598446018561/photo/1?ref_src=twsrc%5Etfw

No mesmo comunicado, o Ken vai mais longe e aponta os seus próprios defeitos, salientando que até 1977 tinha braços que não se dobravam e uma cabeça que só se movia para a direita e para a esquerda (estava em constante negação, portanto). Por tudo isto, é inevitável que as pessoas se perguntem: para quando uma mudança física no Ken?

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Segundo o britânico The Telegraph, na ausência de uma resposta a esta questão por parte da Mattel, o site de moda Lyst decidiu dar à cara-metade da Barbie um dad bod — o “equilíbrio perfeito” entre uma barriga de cerveja e alguma, muito pouca, atividade física –, para que ela possa cair-lhe nos braços e sentir-se protegida. Não contente com a variedade, deu-lhe ainda várias alturas, tons de pele, uma barba e até uma careca.

Se as modelos da Victoria’s Secret continuaram a gostar de Leonardo DiCaprio — um dos melhores exemplos de dad bod — é impossível que a Barbie deixe de amar o Ken por causa de uma barriguinha. Aliás, num episódio do The Late Show, o ator John Krasinski disse mesmo que a sua mulher, a também atriz Emily Blunt, odeia os músculos que ele teve de ganhar para o seu mais recente filme e que preferia o corpo que ele tinha antes.

Ainda segundo o The Telegraph, a pressão sobre o corpo é cada vez maior nos homens — os músculos tonificados estão nos anúncios que passam na televisão, nas ruas e até nos estádios de futebol. Não é por acaso que um estudo feito recentemente pelos analistas de consumo da Mintel mostrou que um em cada quatro homens se sente tão sexualizado quanto as mulheres e, consequentemente, desadequado.

Metade dos mil homens entrevistados nesse estudo afirmou que atingir a boa forma física é uma prioridade para o futuro. 38 por cento deu prioridade ao casamento ou a uma relação duradoura, 23 por cento definiu como objetivo ter filhos e apenas 18 por cento vê uma promoção laboral como uma meta a atingir. Como se isto não fosse suficiente, os homens mais novos (16 a 34 anos), acreditam que estar em forma é mais importante do que ter um grupo de amigos próximo.

A juntar às estatísticas, um em cada dez homens que frequentam o ginásio sofre de vigorexia, um transtorno psicológico semelhante à anorexia e que se caracteriza por uma insatisfação constante com o corpo, levando à prática exaustiva de exercício físico, ao uso de esteroides e, possivelmente, a estados depressivos.

Se a busca incessante pelo corpo perfeito é também uma ameaça à saúde dos homens, então está mesmo na hora de o Ken seguir os passos do amor da sua vida e tornar-se mais realidade e menos fantasia. Ou seja: ganhar raça, cultura e peso, perder tamanho e quiçá até arranjar um bigode.