1. Faça o que quiser, quando e com quem quiser

“Se não temos o poder de decisão, não temos o melhor sexo do mundo”, começa por dizer Cristina Mira Santos, autora do recém-publicado livro O Melhor Sexo do Mundo. É ela que aponta o dedo na direção de quem não mete o desejo pessoal (ou a falta dele) acima das necessidades do outro. A psicóloga e coacher sexual chama a atenção para uma realidade que, muitas vezes, acontece de forma inconsciente e em casais mais estáveis. Regra geral, diz, as pessoas tendem a fazer sexo porque acreditam que têm de o fazer, seja porque existe o receio de não estar à altura do parceiro(a), seja numa tentativa de conservar a relação. “Esta forma de pensar corre na cabeça de toda a gente, pelo que o ideal é perguntarmos a nós próprios o que queremos para que a outra pessoa também esteja em harmonia connosco”, argumenta.

2. Conheça o seu corpo e o modo como reage aos estímulos e sensações

Esta conversa já tem barbas e, mesmo assim, continua atual. Em causa está a masturbação — tanto para ele como para ela –, encarada como um convite a descobrir o próprio corpo. “Há pessoas que não conhecem os sinais de excitação no outro e até em si próprias”, lembra a coacher sexual, ao mesmo tempo que afirma que a masturbação facilita as coisas para ambos. “Se eu não fizer amor comigo própria, como é que posso exigir que os outros façam amor comigo?”, atira, não sem antes recordar que o tema continua a ser um tabu, como se o ato apenas devesse ser praticado na ausência de um(a) parceiro(a).

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No seu livro, a autora escreve que há alimentos que tendem a favorecer o desempenho sexual, tais como:

  • o gengibre e a romã: são ricos em arginina e têm propriedades vasodilatadoras que estimulam o fluxo sanguíneo, pelo que conduzem o sangue com maior eficácia aos genitais, melhorando a qualidade de excitação;
  • noz-moscada e canela: têm um elevado teor de feniletilamina; o palavrão consiste numa substância que potencia a lubrificação feminina;
  • banana, morango e cereais integrais: são alimentos ricos em serotonina, o que deixa as pessoas mais bem-dispostas;
  • azeite, leguminosas e frutos secos: são ricos em vitamina E, selénio e zinco, pelo que estimulam a produção de testosterona.

3. Tenha atenção aos pormenores que, para si, podem ser fatores de insegurança

Cristina chama-lhe os “distratores”, no sentido em que tiram o foco do que estamos a fazer (neste caso, sexo). Podem ser o facto de não se gostar do próprio corpo, ter a depilação por fazer, ter o quarto desarrumado ou sentir um cheiro desagradável no momento de intimidade, ou seja, tudo o que possa incomodar o momento a dois (ou a três…). Tal pressupõe que o sexo deva ser planeado — de que outra forma é que é possível prever tantos fatores? –, uma realidade que a profissional defende a pés juntos. Para ela, “o melhor sexo do mundo é o sexo feito com tempo”. E caso esteja tentado(a) a saber de quanto tempo estamos a falar, eis o que a psicóloga tem a dizer perante os “10-15 minutos da praxe”:

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O tempo não é fator de classificação, mas tendo em conta os passos e a preparação física e mental, menos de meia hora é complicado. Costumo apontar para uma hora, mas o mais importante é a preparação. A espontaneidade, essa, é para momentos ocasionais.”

4. Prepare-se para receber

Aqui entra a noção de merecimento, qualidade de auto-apreciação de que nem todos são portadores. Diz a psicóloga que a postura que temos na vida é também a que temos na cama: imaginemos uma mulher que coloca os filhos, o marido e a casa à frente das suas necessidades; o mais provável é que a vontade de satisfazer os outros no seu dia-a-dia seja transportada para a vida sexual. Mas quem satisfaz também deve ser satisfeita(o), pelo que, se este for o seu caso, está na altura de ganhar consciência do que merece.

5. Sintonize-se com o seu parceiro(a)

Hoje em dia, os casais fazem muito da vida lado a lado: veem televisão lado a lado e até conduzem ao lado um do outro, pelo que é preciso colocá-los frente a frente. É nesse contexto que a coacher sexual diz que é preciso olhar nos olhos um do outro durante os momentos mais íntimos, para que ambos entrem num mesmo clima — até porque a falta de contacto visual numa relação pode ser um sinal de preocupação. Esse contacto não é apenas aconselhado a casais estáveis, ainda que sejam estes os que mais precisam — é de lembrar que, no início de uma relação, seja de que tipo for, os ingredientes que promovem o erotismo estão todos lá.

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6. Não tenha vergonha de verbalizar o que sente

Há quem, durante o ato sexual, escolha não se expressar — entenda-se gemer e/ou verbalizar o que quer, como quer e com que intensidade — por mera vergonha, o que pode refletir uma dose pouco saudável de segurança. “Regra geral, o homem é mais comedido, mas excita-se muito com uma parceira que se expressa”, diz Cristina Mira Santos, recordando que quando a comunicação falha, torna-se muito difícil perceber o grau de excitamento de um e de outro.

7. Tenha coragem de fazer o que quer

Se no primeiro ponto escrevia-se que uma pessoa deve fazer o que quer e quando quer, agora o conselho é o de dar um passo mais além. “É ter coragem para fazer o que se quer, desde cumprir fantasias a desejos secretos. Levá-los avante pode ser uma forma de ganhar segurança a nível pessoal, bem como uma forma de empoderamento. “Na prática, o melhor sexo do mundo é feito por pessoas que se sentem seguras e conscientes do que estão a fazer.”

Sexo: mitos e verdades

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  • Os orgasmos femininos e masculinos não são iguais; cada caso é um caso. Não há orgasmos universais, bem como não existe um código de conduta. Se para uns é uma experiência mais explosiva, para outros é mais contida (mas nem por isso menos intensos);
  • Dizer que quando não há ejaculação não há orgasmo está errado. Uma ejaculação e um orgasmo podem acontecer no mesmo momento, mas são processos diferentes;
  • Existem orgasmos femininos externos e internos, simultâneos ou múltiplos. Não existem orgasmos melhores do que outros.

8. Liberte-se de pressões sociais e crenças erradas

Diz a coacher sexual que, em termos cognitivos, esta é a principal preocupação de quem trabalha na respetiva área, dada a importância de informar as pessoas de modo a desmitificar algumas crenças, como por exemplo a questão de que a mulher só tem orgasmos se forem internos — a estimulação externa parece ter uma grande responsabilidade nesse processo.

Vivemos numa cultura de falos eretos, no sentido em que um homem para ser viril tem de ter uma ereção — o sexo não passa só por aí. Há ainda a ideia de que a partir de determinada idade o sexo deixa de fazer parte da vida das pessoas. Acima dos 60 anos a libido pode estar reduzida, mas continua-se a ser uma pessoa sexuada.”

9. Desfruta do caminho para saborear o destino

De certeza que já ouviu dizer que o que interessa é a viagem e não o destino, uma metáfora que — com jeitinho — encaixa-se em quase tudo na vida, inclusive na intimidade debaixo dos lençóis. A mensagem é clara: é preciso desfrutar e tirar prazer do sexo sem se estar consecutivamente a pensar em atingir o orgasmo.

Acho que os preliminares devem passar de uma vez por todas a pratos principais. O orgasmo é a cereja no topo do bolo, tudo o resto são pratos principais.”

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10. Ame-se e deixe-se amar sem sentir culpa

Uma das grandes responsáveis pela ausência de prazer é a culpa. “Regra geral, os sentimentos de culpa têm o condão de destruir o que uma pessoa está a construir. É como comer um bolo e, depois, sentir-se mal com a escolha. No sexo isto acontece muitas vezes. As pessoas têm de tomar consciência dos pensamentos que tiveram e tentar perceber o porquê, método que faz parte do desenvolvimento pessoal. E se acontece na cama, o mais provável é acontecer em muitas outras coisas na vida dessa mesma pessoa.”