O primeiro dia de debate do Plano Nacional de Reformas acabou por ficar marcado pelo desafio deixado pelo Governo socialista ao PSD: juntem-se ao debate e reúnam com a Estrutura de Missão para a Capitalização das Empresas, convidou o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral. A isto, o PSD respondeu de forma clara: sim, aceitamos discutir a questão, mas só no Parlamento, garantiu o líder da bancada parlamentar social-democrata, Luís Montenegro.

Esta Estrutura de Missão foi criada pelo atual Governo para estudar e procurar soluções que permitam diversificar as fontes de financiamento das empresas, mas o PSD só aceita entrar neste debate se ele for conduzido no Parlamento. A primeira discussão na Assembleia da República, de resto, ficaria marcada pela oposição cerrada de PSD e CDS ao caminho até agora seguido pelo Executivo socialista. Luís Montenegro, de resto, foi o primeiro a definir o tom: para o social-democrata, Caldeira Cabral “precisa de ser ajudado e precisa de ser ajudado dentro do próprio caminho”. O ministério da Economia não pode continuar a ser “um parente pobre deste Governo como tem sido até agora”, atirou Montenegro.

No CDS, seria Pedro Mota Soares a segurar a batuta nas críticas ao ministro da Economia de António Costa. Para o centrista, este Governo quer parecer o “Robin dos Bosques” das empresas mas é, na verdade, o “Xerife de Nottingham”, conduzindo uma contrarreforma do IRC, que, diz, penaliza as empresas, e um aumento dos impostos sobre os combustíveis que se traduz num verdadeiro “saque fiscal às empresas”.

Sobre o Plano Nacional de Reformas apresentado pelo Governo socialista, é mais do mesmo, atirou o dirigente do CDS. “Um panfleto de propaganda sobre um conjunto de propostas genéricas” que prova, mais uma vez, que os “socialistas querem fazer a propaganda, mas não fazem as contas”.

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Um apontamento reiterado já perto do final do debate pela deputada social-democrata, Inês Domingues. O plano apresentado pelo Governo socialista, disse a social-democrata, não passa de um “esboço de intenções com o qual pretende resolver um problema importante nas empresas. O powerpoint tem menos conteúdo do que uma declaração de intenções de uma miss Mundo”, defendeu a deputada.

Seria o deputado socialista Carlos Pereira a reagir às críticas da oposição. “É preciso ter uma lata distinta para dizer que quem precisa é o senhor ministro [da Economia]. Em 21 dias, o Governo do PS já meteu mais dinheiro nas empresas do que o Governo anterior meteu em 21 meses. Quem precisa de ajuda é o PSD inteiro”, atirou o socialista.

Num debate morno e sem grande história, Manuel Caldeira registou as dúvidas dos deputados, não entrou na troca de argumentos com a oposição e elogiou o facto de todos os partidos concordarem, pelo menos, no “diagnóstico”. “Há problemas de financiamento das empresas e problemas de endividamento”. O reconhecimento deste facto, diz o ministro, pode ao menos “ajudar a que este programa seja conseguido com o maior consenso possível”.