Fernando Alonso, provavelmente irritado por o seu McLaren de F1 não andar o que ele gostaria, impedindo-o de disputar as vitórias e o título mundial, resolveu descarregar todo o seu fel no Honda NSX. De uma assentada, mostrou aos jornalistas por que razão é considerado um dos melhores pilotos de F1, e também que está perfeitamente à vontade no circuito do Estoril, apesar de nunca ali ter corrido de F1 – o traçado acolheu a disciplina máxima do desporto automóvel de 1984 a 1996, enquanto Alonso apenas se estreou em 2001. E como se não bastasse, provou ainda que o NSX revela uma tremenda eficácia, mesmo quando abusado por alguém que sabe o que está a fazer. E de que maneira.

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O autódromo do Estoril acolhe a apresentação do novo Honda NSX à imprensa internacional desde o passado dia 1 de Julho, com o contacto da imprensa portuguesa com o desportivo japonês a estar agendado apenas para dia 28. Para acompanhar os jornalistas nacionais, será Tiago Monteiro, o principal piloto da Honda no WTCC, a assumir o lugar do piloto profissional de serviço. Mas no princípio desta semana foi a vez de Alonso mostrar aos jornalistas espanhóis como se conduz no limite e como se comporta o novo NSX. Ao que parece, todos ficaram maravilhados.

O superdesportivo da Honda, além de esteticamente apelativo, é extremamente interessante sob o ponto de vista tecnológico, começando por ser construído com recurso a aço, alumínio e fibra de carbono, isto para conter o peso. O motor é um V6 com 3,5 litros, mas recorre a dois turbocompressores para atingir 507 cv. Contudo, este motor não está sozinho a empurrar o Honda, pois há mais três motores, todos eles eléctricos, a ajudar à festa. Entre eles fornecem 74 cv, o que eleva para 581 cv a potência total do NSX. Mas isso não é o mais importante. É que se o V6 a gasolina garante uma força de 550 Nm, o trio de motores accionados a electricidade contribui com mais 293 Nm, o que torna a aceleração do superdesportivo brutal, uma vez que a força das unidades eléctricas está acessível logo a partir dos regimes mais baixos.

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O motor 3.5 V6 Biturbo está montado em posição central traseira, estando o primeiro dos motores eléctricos localizado entre ele e a caixa de dupla embraiagem e nove velocidades. Este motor eléctrico ajuda o de combustão a mover o NSX, facilitando os arranques e as retomas de velocidades, as situações mais problemáticas em termos de consumos e emissões.

Para a condução desportiva é necessário contar com as restantes duas unidades eléctricas, colocadas em cada uma das rodas dianteiras. Não só permitem ao superdesportivo de dois lugares as vantagens das quatro rodas motrizes, como ainda, e recorrendo a uma sofisticada gestão vectorial, aplicam mais ou menos potência em cada uma das rodas dianteiras para optimizar o comportamento do NSX. Isso – como se pode ver no vídeo, em que Alonso prega uns sustos a Cristóbal Roseleny, reputado jornalista de F1 – não impede o piloto espanhol de fazer uns “slides” e controlar de forma relativamente fácil as “atravessadelas”.

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Para termos uma ideia de como evoluiu o conceito dos desportivos para a Honda, nada melhor do que rever estes dois vídeos do primeiro NSX, que surgiu pela inicialmente em 1990 (e foi construído até 2005), com o grande Ayrton Senna ao volante. Movido por um V6 atmosférico, inicialmente com apenas 3 litros e 274 cv – a partir de 1997 evoluiu para 3.2 V6 com 294 cv –, o NSX não estava equipado com autoblocante, como se pode constatar no arranque que Senna faz das boxes, onde toda a potência se esvai por apenas uma das rodas traseiras. Os vídeos permitem ainda recordar que a moda, à época, eram as meias brancas e que o piloto brasileiro não estava particularmente habituado a conduzir um carro de volante à direita. Isto a avaliar pelos “pregos” que metia ao ter de seleccionar as mudanças com a mão esquerda.

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Ainda assim, o primeiro NSX, cujo peso rondava 1.230 kg, devido a ser integralmente construído em alumínio, revela uma agilidade e um equilíbrio notáveis, sendo um veículo pelo qual Ayrton nutria uma grande paixão, possuindo um destes modelos em Portugal, que utilizava sempre que visitava o nosso país, tanto em Lisboa, como na casa que possuía na Quinta do Lago, no Algarve. Nas fotos, o mago brasileiro surge a lavar o NSX com a matrícula SX-25-59 no Algarve e aos piões no Guincho.

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