A concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera atingiu o recorde de 400 partes por milhão (ppm) em 2015, um marco sinistro para a saúde do planeta, alertou esta segunda-feira a ONU.

Os gases com efeito de estufa tinham já ultrapassado o limiar de 400 ppm em alguns meses, em locais específicos, mas nunca numa base anual global, indicou a Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência das Nações Unidas.

No último boletim sobre gases com efeito de estufa, a OMM também registou um “aumento para novos recordes” este ano das taxas de concentração de CO2, prevendo que a média anual se mantenha acima dos 400 ppm “por muitas gerações”.

O aumento da concentração de CO2 deve-se em parte a um forte “El Niño”, fenómeno meteorológico que se regista a cada quatro ou cinco anos com um efeito de aquecimento generalizado.

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O “El Niño” deu origem a “secas nas regiões tropicais e reduziu a capacidade de absorção do CO2 de florestas, vegetação e oceanos”, de acordo com a OMM.

Petteri Taalas, responsável da agência, com sede em Genebra, advertiu que apesar de o fenómeno ter diminuído “as alterações climáticas não”.

Taalas aplaudiu o acordo conseguido em Kigali no início deste mês, que visa a eliminação faseada dos hidrofluorocarbonetos (HFC), uma categoria de gases com efeito de estufa muito acentuado, mas altamente usada em frigoríficos e aparelhos de ar condicionado.

O responsável da OMM advertiu que sem uma ação semelhante para eliminar as emissões de CO2, o mundo vai continuar a falhar os objetivos definidos no acordo histórico de Paris sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa.

O boletim anual da OMM sobre gases com efeito de estufa analisa a concentração de gases na atmosfera, em vez das emissões.

Além do CO2, este relatório monitoriza as taxas de concentração de metano, óxido nitroso e vários outros gases com grande impacto nas alterações climáticas.