Primeiro negou que tivesse insultado a população chinesa, não negando as afirmações que fez, teve o apoio da chanceler alemã mesmo denegrindo as mulheres e fazendo pouco do casamento homossexual e levou um puxão de orelhas vindo dos chineses de “olhos em bico”. Agora, vários dias depois de iniciada a polémica com um discurso em Hamburgo, o comissário europeu Günter Oettinger pediu desculpa.

“Tive tempo para refletir sobre o meu discurso e consigo agora perceber que as palavras que usei criaram sentimentos negativos e podem ter magoado algumas pessoas. Esta não era a minha intenção e gostaria de pedir desculpa por qualquer comentário que não foi tão respeitável como o devia ter sido”, afirmou o comissário europeu responsável pela pasta da Economia Digital.

O pedido de desculpas foi enviado às redações pela Comissão Europeia, o atual empregador do alemão e onde tinha sido apontado a uma promoção. Após a saída comunicada na semana passada por Kristalina Georgieva, a vice-presidente que tentou impedir António Guterres de chegar à liderança das Nações Unidas, que vai para o Banco Mundial, Jean-Claude Juncker apontou Günter Oettinger ao seu lugar.

O alemão, que nesta Comissão tem uma pasta considerada menor, podia agora passar para comissário do orçamento e vice-presidente, mas para isso tem de passar pela confirmação do Parlamento Europeu, agora que não se advinha fácil com o recente escândalo.

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No pedido de desculpas, o alemão tenta ainda justificar-se dizendo que estava a ser “franco e aberto” e que com o seu discurso pretendia apenas fazer com que os alemães acordassem e percebessem que podem estar a perder a batalha pela competitividade para países como a China. Oettinger recusou, no entanto, ter feito comentários a denegrir a Valónia, o pequeno Estado belga que estava a bloquear o tratado comercial entre a União Europeia e o Canadá.

A polémica estalou na sexta-feira quando um vídeo do discurso do comissário alemão foi publicado no Youtube, onde se ouvia o responsável a qualificar a delegação chinesa como “nove homens, um partido e nenhuma democracia”, todos com o “cabelo penteado da esquerda para a direita com graxa preta”.

Günter Oettinger disse ainda que não havia mulheres em lugares de topo na China porque não havia quotas impostas de mulheres para estes lugares, insinuando que só com quotas as mulheres chegariam a estes cargos, e gozando com a recente inclinação mais à esquerda de Angela Merkel, a chanceler e líder do seu partido, aproveitando para fazer comentários negativos sobre o casamento homossexual: “pensões para as mães, pensões mínimas, pensões aos 63 anos, prestações sociais…em breve até casamentos gay obrigatórios”.