A líder do CDS, Assunção Cristas, reuniu-se esta quarta-feira na qualidade de candidata à câmara de Lisboa, com o provedor da Santa Casa, Pedro Santana Lopes, na sede da Misericórdia. A única candidata assumida da direita à autarquia da capital passou hora e meia à conversa com o outro potencial candidato da direita ao cargo. Cristas não quis revelar se falaram da possibilidade de Santana avançar pelo PSD, mas disse ao Observador que falaram muito “de política e do mundo”, e da eleição de Donald Trump, uma vez que foi na manhã em que se conheceu o vencedor das presidenciais norte-americanas. “Foi uma conversa tranquila.”

A reunião, a pedido de Assunção Cristas, não foi anunciada à comunicação social e realizou-se “no quadro das variadíssimas reuniões com instituições relevantes da cidade”, explicou a líder do CDS ao Observador. A candidata já se reuniu com o Metro de Lisboa, associações de moradores, reitores de universidades ou responsáveis da Fundação Calouste Gulbenkian. “É incontornável falar com a Santa Casa, dado o papel que tem na ação social em Lisboa, e a forte coordenação que mantém com a câmara”, disse Cristas ao Observador.

José Eduardo Martins, coordenador do programa eleitoral do PSD disse na sexta-feira passada ao i que “pode existir uma coligação com o CDS para a câmara de Lisboa”. Nos próximos meses ficaremos a saber se Cristas terá Santana como adversário ou se há margem para algum tipo de entendimento entre os dois partidos. “A dr.ª Assunção Cristas disse uma coisas com a qual concordo em absoluto: se o CDS tivesse uma candidatura apoiada pelo PSD, estaria a discutir a presidência da câmara”, disse José Eduardo Martins. Mas acrescentou: “Não sendo uma candidatura apoiada pelo PSD, o CDS não está a discutir a presidência da câmara”. Não foi possível falar com Pedro Santana Lopes até à hora de publicação deste artigo.

Se não avanças tu vou eu

Em política, está nos livros, não há espaços de poder por ocupar. Quando a praça está vazia, alguém aproveita. E Assunção Cristas usou a seu favor essa velha máxima de que “a política tem horror ao vazio”. Depois de muita especulação, a líder do CDS assumiu a candidatura no dia 10 de setembro, no evento de rentrée do partido. “Já me vão conhecendo e sabem que eu não sou de deixar para amanhã aquilo que posso fazer hoje. Não sou de virar a cara. Sou de fazer aquilo que peço aos outros para fazerem. Sou de me empenhar. E é por isso é que dou o meu exemplo”.

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Meses depois do “keep cool” de Pedro Santana Lopes — que marcou o terreno no congresso do PSD –, Pedro Passos Coelho foi obrigado a reagir à candidatura da sua antiga ministra da Agricultura. Foi outra espécie de “keep cool“, quando o líder social-democrata retirou qualquer tipo de urgência ao assunto: “As pessoas que respirem fundo e que estejam calmas, não vale a pena estarem ansiosas, porque nós não vamos, nos próximos meses, tomar uma decisão sobre a escolha da candidatura a Lisboa”.

Poucos dias depois do anúncio de Cristas, Marques Mendes disse na SIC que a líder do CDS tinha feito “cheque-mate” ao PSD em Lisboa. Pedro Santana Lopes havia de reagir na mesma semana a esse comentário, no mesmo canal, com mais uma daquelas frases que servem para prolongar ainda mais o suspense. Quando se reage a um xeque-mate “cumprimenta-se o adversário”, respondeu o provedor da Santa Casa da Misericórdia.

Pedro Santana Lopes havia depois de dizer depois que estava disponível para mais um mandato de cinco anos na Santa Casa, que só poderia interromper em circunstâncias excecionais.