O militante do Partido Nacional Renovador (PNR) que esta tarde desrespeitou as ordens policiais na Praça de Martim Moniz, em Lisboa, foi identificado e saiu depois em liberdade, disse à Lusa o oficial de serviço da PSP. Durante a tarde deste domingo, cerca das 15h30, um dos militantes do PNR desrespeitou a barreira policial, que separava a manifestação do PNR, da concentração de imigrantes por uma mudança na política de imigração, que decorria no mesmo local e à mesma hora. O militante foi levado para a esquadra e saiu após identificação.

Os imigrantes exigem uma alteração da Lei de Imigração para resolver o problema de cerca de 30 mil estrangeiros que vivem em Portugal, mas sem autorização de residência, apesar de trabalharem no país, fazerem descontos para a Segurança Social e pagarem impostos. No seguimento da convocação desta manifestação, o PNR marcou, também para a Praça de Martim Moniz, um protesto que tinha como lema contra a “invasão de imigrantes, por uma justiça social para os portugueses”.

Paralelamente, ao final da tarde deste domingo, elementos do PNR concentraram-se junto à sede do Partido Livre, na Praça Olegário Mariano, em Lisboa, onde estava agendada uma sessão pública de debate sobre “Como combater o trumpismo – notas e lições sobre a campanha nos EUA”. Segundo comunicado enviado às redações, o Livre acusou o PNR de tentar interromper o debate sobre as consequências das eleições norte-americanas e acusou os nacionalistas de tentarem “pôr em causa os princípios mais básicos da nossa democracia, como o da liberdade de expressão ou de associação”.

Num comunicado divulgado esta noite, o partido indica que cerca de 20 elementos do PNR, “que já se tinham mobilizado no Martim Moniz contra a manifestação em defesa dos imigrantes ‘Por direitos iguais e documentos para todos’, tentaram interromper o evento que decorria na sede” do Livre, à Praça do Chile. No entanto, segundo o Livre, o debate não foi interrompido graças à atuação da PSP.

Para o partido, as iniciativas do PNR “reforçam a convicção de que os resultados das eleições americanas e do referendo Brexit, entre outros, permitiram uma legitimação de sentimentos proto-fascistas. É isto que nos deve realmente preocupar”. Por outro lado, reiteram a mensagem e a razão pela qual organizaram a sessão pública: “O crescente eco que o discurso populista e ultranacionalista consegue ter hoje junto de tantos cidadãos – nos Estados Unidos e não só – é angustiante e preocupante”.

“A intolerância não é nem nunca será legítima. É urgente juntarmos forças para contrariar esta tendência do medo ‘do outro’ e daquilo que é diferente, do regresso aos egoísmos nacionais e da rejeição do cosmopolitismo, da solidariedade e da fraternidade”, acrescenta o Livre, no comunicado.

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