Fotografias aéreas tiradas pela Survival International permitiram encontrar uma comunidade tribal contemporânea que nunca contactou com pessoas, nem invenções do Ocidente. De acordo com a organização, que procura defender os direitos das tribos pelo mundo, esta comunidade de 100 pessoas vive no coração da Floresta Amazónica, a norte do Brasil junto à fronteira com a Venezuela. No entanto, pode estar à beira de desaparecer para sempre.

Comunidades como esta são mais vulneráveis a doenças, infeções e comportamentos violentos quando comunicam pela primeira vez, direta ou indiretamente, com pessoas de outros lugares do mundo. Nas proximidades desta tribo, a Survival International encontrou cerca de 5.000 mineiros ilegais que têm explorado a área em busca de ouro. Esses mineiros levaram a malária para o local. Além disso, contaminaram a comida e a água que circula pela região com mercúrio, o que provocou uma crise de saúde na tribo. Se a situação não for controlada, a tribo pode extinguir-se.

Esta comunidade tribal vive no Território Indígena Yanomami, composta por 22 mil pessoas divididas em grupos mais pequenos. De todas esses grupos, três nunca comunicaram com grupos de pessoas ocidentais e, portanto, são mais vulneráveis.

A região é oficialmente protegida pelo governo desde 1992, mas está constantemente a ser ameaçada por exploradores da floresta. “São como térmitas, nunca param de chegar. Estas tribos não são primitivas. São nossas contemporâneas e merecem que o seu espaço seja respeitado”, sublinha a Survival International.

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Calcula-se que, à semelhança das tribos vizinhas, estas pessoas tenham saído da Ásia em direção do continente americano através do Estreito de Bering há 15 mil anos. Fixaram-se na América do Sul num território com 9,6 milhões de héctares – o dobro do tamanho da Suíça. Durante vários anos, estas tribos prosperavam: viviam do que a Natureza lhes dava e mantinham-se longe das ameaças porque viverem, muitas delas, isoladas.

Quando a floresta amazónica começou a ser explorada intensamente pelo ocidente, não só reduziram drasticamente os espaços verdes, como levaram os trabalhadores para a vizinhança das tribos, ameaçando a sua sobrevivência. Atualmente, nem o governo brasileiro nem o venezuelano estão a conseguir controlar a situação.

As mais recentes fotos tiradas a esta “nova” comunidade fazem lembrar as casas vistas noutras tribos.

São casas circulares onde vivem várias famílias (algumas são tão grandes que podem abrigar 400 pessoas), a que os especialistas chamam malocas. Cada família tem uma fogueira onde cozinha durante o dia e que lhes aquece as casas durante a noite.

As comunidades são independentes e não há uma pessoa que as chefie a todas: na hora de tomar decisões, os membros juntam-se e debatem o assunto.

Embora a caça faça parte alimentação destas tribos, isso acontece numa escala reduzida. Mesmo assim, quando um homem caça, a carne é oferecida aos seus amigos e deles receberá a carne que eles caçarem.