O novo aeroporto de Lisboa foi anunciado em 2008 para o Campo de Tiro de Alcochete, mas o projeto acabou por não avançar, com o autarca local a afirmar que, ainda hoje, seria a melhor opção para o país.

Depois de em 2007 se ter tornado um tema político incontornável e o Governo ter sido obrigado a recuar quanto à escolha da Ota, a decisão “prévia e preliminar” de construir o novo aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete foi anunciada pelo então primeiro-ministro, José Sócrates, a 10 de janeiro de 2008, tendo sido aprovada em Conselho de Ministros cerca de quatro meses depois.

A opção pelo Campo de Tiro de Alcochete foi legitimada pelo estudo comparativo elaborado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), que apontou a localização da infraestrutura aeroportuária na margem Sul como “globalmente mais favorável” que na Ota, localização inicialmente confirmada em 1999.

Luís Franco, presidente da Câmara de Alcochete, afirma que foram as declarações do então ministro das Obras Públicas, Mário Lino, que em 2007 afirmou que o novo aeroporto na Margem Sul do Tejo seria “uma espécie de Brasília do Norte do Alentejo”, acrescentando que “não é num deserto que se faz um aeroporto”, que despoletaram o processo.

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“Foram as declarações do ministro, que disse o famoso ‘jamais’ sobre o aeroporto na margem sul, que deram notoriedade pública ao tema e iniciaram este processo. A Ota estava escolhida, mas o estudo do LNEC demonstrou que o Campo de Tiro era a melhor opção”, lembra o autarca. Os primeiros trabalhos do projeto tiveram início em agosto de 2008, com prospeção e sondagens no terreno, mas o novo aeroporto acabou por não passar dos estudos.

“Tenho a ideia de que existia uma tendência da União Europeia para se realizar investimento público, mas o mundo financeiro colapsou e com ele os investimentos, com o novo aeroporto a deixar de ser uma forte possibilidade”, refere. Luís Franco afirma que, ainda hoje, defende que o novo aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete seria a melhor solução para os interesses do país.

“A ponte Vasco da Gama foi muito importante para o desenvolvimento de Alcochete. Sempre disse que Alcochete se ia desenvolver com ou sem aeroporto, apesar de considerar que seria o mais aconselhável, não só para o concelho mas para os interesses do país”, salienta o autarca, que considera todo o processo como “uma importante aprendizagem pessoal”.

O autarca defende que o aeroporto iria trazer “oportunidades e desafios”, destacando o aumento da oferta de emprego esperada e as infraestruturas e acessibilidade que seriam necessárias.

Hoje em dia, o base aérea do Montijo, concelho vizinho de Alcochete, é uma forte possibilidade para receber um aeroporto complementar à Portela, com Luís Franco a defender a necessidade de se estudar bem o processo. “A Câmara de Alcochete não conhece nada do processo, mas se a decisão for nesse sentido tem que fazer um estudo sério sobre os diferentes planos, como os impactes ambientais, e analisar as necessidades do incremento de acessibilidades”, diz, acrescentando que o município quer ser envolvido no processo de decisão.