Fernando Medina garantiu que o afastamento da Universidade Internacional para a Terceira Idade (UITI) do edifício que lhe está cedido há 40 anos, será provisório e que as “queixas” da UITI resultaram de um equívoco.

“O prédio tem problemas estruturais e temos de intervir. E esta intervenção será feita apenas por uma questão de segurança”, começou por esclarecer o autarca na sessão pública da Câmara, desta quarta-feira, onde o reitor da UITI esteve a apelar para que a universidade não saísse do edifício.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa salientou que a autarquia nunca equacionou qualquer despejo e só as questões de segurança o fazem pedir à universidade para sair do espaço, provisoriamente. Fernando Medina quis vincar que os responsáveis da UITI não entenderam a intenção da câmara e garantiu que a autarquia não tem qualquer plano para o edifício.

“Não há aqui nenhuma intenção de despejo, há apenas uma necessidade de fazer obras. Temos um relatório que nos indica que existe uma ameaça a nível estrutural e por isso temos de agir. Se há continuidade depois das obras? Claro que há!”, garantiu, perante uma plateia repleta de alunos da UITI que se deslocaram em massa à reunião de câmara e que aplaudiram de pronto a decisão.

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“Estamos aqui perante um grande equívoco. A ideia de despejar a universidade é absurda, mas há aqui uma coisa em que não transijo que é na questão da segurança. Por isso quero que fique patente nas atas e registado nas câmaras: vamos realizar obras de requalificação, não sabemos durante quanto tempo, mas após as obras a universidade pode regressar se assim o entender”, destacou, lembrando, no entanto, que em cima da mesa continua uma outra solução: “Se for possível descobrir um local melhor do que o atual, não nos podemos esquecer que o edifício da Rua das Flores tem muitas escadas, por exemplo, e se houver vontade disponibilizaremos um novo local para a UITI, pois reconhecemos o valor da universidade e o seu papel”.

O reitor da UITI, José Miguel Miranda, tomou a palavra na sessão pública para apelar a uma “solução justa” de forma a que o projeto da UITI não viesse a ser liquidado face à eventual saída, do prédio cedido pela autarquia que alberga a universidade sénior desde 1977. Essa decisão tinha sido comunicada numa reunião no início de janeiro, tal como o Observador adiantou, ao executivo da UITI e fez levantar a voz dos responsáveis e dos cerca de 800 alunos da instituição.

Na sua intervenção o reitor destacou a “falta de sensibilidade social” e o valor do dinheiro que se sobrepõe às pessoas. Palavras que caíram mal a Fernando Medina que após o discurso, mencionou que a posição da Câmara não tinha sido compreendida. Ainda assim, e após a garantia dada pela autarquia, no final, o Reitor José Miguel Miranda quis deixar claro que na reunião que manteve com o vereador António Furtado a indicação foi clara e por isso aconteceu a mobilização dos utilizadores da UITI.

À saída o alívio pairava na cara dos muitos alunos da universidade que se deslocaram à sessão pública. “Vamos ficar”, diziam alguns alunos. “Conseguimos que nos escutassem”, diziam outros, perante também alguma incredulidade: “Esta mudança de atitude foi demasiado repentina, será que é para manter? Mudaram de estratégia porque se sentiram envergonhados”, referiu uma aluna.

O Reitor mostrou-se satisfeito com a solução e quis deixar claro ao presidente da Câmara que “se for por uma questão de segurança” será o primeiro a pedir às pessoas para saírem, mas garantiu que “é para voltar”.

Até lá, a autarquia vai tentar encontrar um espaço alternativo que sirva os interesses da UITI.

Mais de 300 alunos na Câmara Municipal

Mais de 300 alunos da UITI estiveram presentes na sessão pública da Câmara, uma enchente que surpreendeu a autarquia e obrigou à abertura da Sala do Arquivo onde a sessão foi transmitida em direto para os que já não couberam na sala principal. As cadeiras não chegaram, ainda assim, para todos que estavam num frenesim para escutar as justificações do presidente. “Ganhámos, ganhámos, afinal ainda servimos para alguma coisa”, revelava um aluno contente com o desfecho.