Desde o início do ano e até domingo foram notificados 23 casos de sarampo: 11 estão confirmados — sobretudo em crianças não vacinadas — e os restantes em análise. O número é suficiente para o diretor-geral de Saúde, em entrevista à Antena 1, falar em “atividade epidémica”. Francisco George refere que existem em “situações graves” e admite que venham a registar-se mais casos nos próximos dias, mas afasta um “problema global”, uma vez que “a maioria da população está protegida”.

Temos situações graves. O sarampo é uma doença que pode evoluir num mau sentido e estamos perante situações preocupantes”, afirma o diretor-geral de Saúde, admitindo tratar-se de “uma atividade epidémica”, mas afastando “grandes problemas porque a grande maioria da população (97, 98, 99%) está protegida contra o sarampo”.

Essa proteção advém do facto de uns já terem tido sarampo no passado (pessoas com mais de 40 anos) e a maioria dos que têm menos de 40 anos ter sido vacinada, explicou.

Sobre os casos recentes, confirmados sobretudo em crianças que não foram vacinadas, Francisco George disse que “é absolutamente incompreensível que uma mãe e um pai não vacinem as crianças”. E repetiu que “não há justificação alguma para uma mãe ou um pai, um familiar, decidir da não proteção da criança” e que os pais deviam “ser educads no sentido de não terem o direito de colocar em risco a vida dos filhos”.

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Será que a mãe ou o pai podem decidir da saúde em termos da proteção do seu filho? Temos de nos interrogar nós próprios. Eu diria que, em termos de boas práticas, todos os pais devem atender aos conselhos dos médicos e conselho emanados pela Direção Geral de Saúde no sentido, de logo depois do nascimento, iniciarem um programa nacional de vacinação que é gratuito, sem qualquer obstáculo.”

E vai mais longe, sugerindo mesmo que a vacinação deveria ser obrigatória: “Então se a escolaridade é obrigatória, porque é que a vacinação também não pode ser obrigatória? Não é atualmente, mas é um tema para debater. Não há aqui tabus”.

Esta segunda-feira, pelas 18h30, a DGS emitirá um novo comunicado pormenorizado sobre este assunto. A imprensa revelou no fim de semana que há seis casos de internamento por sarampo na região de Lisboa, um dos quais uma adolescente que teve de ser transferida em estado grave de Cascais para o Hospital D. Estefânia. A primeira infeção terá sido detetada numa criança de 13 meses, não vacinada, que deu entrada no hospital a 27 de março, tendo depois contagiado cinco funcionárias, que como estavam vacinadas tiveram a doença mas de forma mais leve.

O sarampo é uma das doenças infeciosas mais contagiosas, podendo provocar doença grave ou mesmo a morte e está há vários anos controlada em Portugal. Consideram-se já protegidas contra o sarampo as pessoas que tiveram a doença ou que têm duas doses da vacina, no caso dos menores de 18, e uma dose quando se trata de adultos.

Mais de 500 casos de sarampo foram reportados só este ano na Europa, afetando pelo menos sete países, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).