O Reino Unido tem de chegar a uma estratégia unificada para deixar a União Europeia e o tempo disponível para aprovar um acordo na UE é uma “grande, grande restrição”, reconheceu o ministro dos Negócios Estrangeiros português. “Tanto quanto sabemos, o Governo inglês ainda não chegou a uma posição comum”, disse Augusto Santos Silva em entrevista à Bloomberg, numa altura em que está a arrancar mais uma ronda negocial com a União Europeia.

“Se queremos lidar com o assunto como amigos e parceiros, o que vamos fazer, os europeus têm de esperar por uma clarificação da cena política britânica. Temos de dar algum tempo ao novo Executivo britânico para chegar a uma posição que a sua equipa negociadora possa defender com clareza”, disse Augusto Santos Silva.

O processo negocial do Brexit emperrou depois do resultado das eleições legislativas de junho em que Theresa May perdeu a maioria e teve de fazer uma coligação com os unionistas da Irlanda do Norte, o que condicionou a estratégia negocial mais dura defendida pela primeira-ministra britânica.

O ministro português reconhece a pressão do calendário para evitar uma saída dura (hard Brexit), ou seja desordenada, por falta de acordo.” O tempo é uma grande restrição porque falta menos de um ano em meio”, lembrou Santos Silva. Em causa está a discussão dos termos do divórcio que se deveria consumar até março de 2019, dois anos depois do Reino Unido ter invocado o artigo 50.

“Se chegarmos a um acordo, ele terá de ser discutido pelos parlamentos nacionais e temos que contar com pelo menos um semestre para o procedimento de ratificação nos 27 países da União Europeia. O tempo é uma grande, grande restrição e o processo tem de acelerar”, afirmou.

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