O grupo tailandês que comprou a fábrica da antiga La Seda em Sines prevê investir 15 milhões de euros em manutenção para relançar a produção da unidade que estava a cargo da Caixa Geral de Depósitos. Em respostas ao Observador, Naweensuda Krabuanrat, o porta-voz da empresa acrescenta que este processo irá envolver 150 a 175 postos de trabalho. A produção comercial na Artlant deverá ser retomada no terceiro trimestre de 2018.

O mesmo responsável não confirma, para já, planos para investimentos mais avultados de 120 milhões de euros, valor noticiado pelo Jornal de Negócios que cita fonte próxima do negócio.

A Indroama também não confirma o valor da aquisição da empresa que foi declara insolvente em julho deste ano, com dúvidas superiores a 600 milhões de euros, dos quais mais de 500 milhões à Caixa Geral de Depósitos. O gestor da liquidação da Artlant confirmou ao Observador que a ata da assembleia de credores aprovou a venda por 28 milhões de euros, sem acrescentar mais detalhes, sobre os resultados do processo de liquidação.

Caixa vende fábrica falida que foi da La Seda a grupo tailandês por 28 milhões

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Já a Inforama explica que comprou a unidade na liquidação e que a responsabilidade para com os credores fica com o liquidatário. Adianta que começou a analisar o negócio em março de 2017. A compra da Artlant é altamente complementar com o perfil industrial do grupo na Europa e encaixa estrategicamente na integração das operações, permitindo alavancar o fornecimento de PTA a outras unidades do grupo, substituindo importações. A Alrtlant produz PTA (ácido tereftálico purificado) que é usado para para produzir PET, matéria prima plástica (poliéster) que é utilizada para vários produtos de plástico.

A fábrica de Sines começou por ser um projeto da La Seda, empresa química de Barcelona, em parceria com um empresário português. O investimento de 400 milhões de euros foi um projeto PIN (potencial interesse nacional) e recebeu incentivos públicos de 45 milhões de euros, mas quando a unidade foi inaugurada no final da década passada foi apanha na recessão mundial e pela crise da acionista. Com a queda da La Seda, a Caixa que era a principal financiadora do projeto, que foi promovido ao mais alto nivel pelo Governo de José Sócrates, ficou com o ativo, tendo desde então procurado encontrar um investidor para a fábrica.

O banco do Estado reclamou cerca de 530 milhões de euros no processo de insolvência, no entanto, o valor emprestado aproxima-se dos 600 milhões de euros, sendo que uma parte foi alvo de um perdão parcial no PER (processo especial de revitalização) aprovado em 2015. No total, o envolvimento da Caixa Geral de Depósitos no universo da La Seda é muito superior, na medida em que envolve também empréstimos e investimento direto no grupo catalão que foi declarado insolvente em 2014. Números já noticiados apontam para uma exposição total do banco do Estado de quase mil milhões de euros, dos quais a maioria terá sido perdido.