O Liverpool empatou este domingo no dérbi com o Everton, num encontro praticamente de sentido único mas que Wayne Rooney conseguiu igualar através de uma grande penalidade. Os reds perderam uma oportunidade de ouro para subirem ao terceiro lugar da Premier League (o Chelsea tinha perdido com o West Ham) e, no final, o alemão Jürgen Klopp voltou a ser o grande destaque por mais uma flash interview “diferente”.

– O que disse ao árbitro?
– Que não percebi o que estava a fazer, mas não usei uma única palavra feia. Não consigo acreditar, num jogo como estes, quando há uma única equipa a tentar ganhar durante 95 minutos e a outra não foi sequer à nossa área. Não fizeram um remate enquadrado além do penálti. Se abrimos a porta para eles assim, não está bem.
– Para si, não foi penálti com 100% de certeza ou o Lovren
– Não, não, não, não.
– Não é uma questão de estar a culpá-lo, mas tinha necessidade de tomar aquela decisão?
– Não tomou a decisão! O Calvert-Lewin dá um passo para ele e é isso.
– Mas há mãos nas costas.
– A mão está assim nas costas (n.d.r. e faz o gesto. Tu viste. Se pensas que foi penálti, diz. É penálti na tua opinião? É penálti na tua opinião? É penálti na tua opinião?
– Ok. Se quer a minha opinião… A minha opinião não interessa. Eu diria que é ligeiro…
– Óbvio que a minha opinião também não interessa.
– Claro que a sua opinião interessa.
– Muda alguma coisa?
– Não, mas estamos a conduzir uma entrevista.
– Então diz-me, foi penálti ou não?
– Penso que é ligeiro mas sim, penso que é penálti.
– Então podemos parar esta entrevista porque só falo com pessoas que percebam minimamente de futebol. Peço desculpa. Realmente… Não posso acreditar…
– Sei que está zangado, mas há pessoas no nosso estúdio que fizeram muitos jogos de futebol que também pensam que foi penálti.
– Então peço desculpa. Estou errado, vocês é que estão certos…
– Eu não disse isso.
– Sim, foi isso que disseste. Que outras pessoas estão certas e eu estou errado. Tenho de estar errado, certo?
– Não, só porque… Não é um jogo de opiniões?
– Estou aqui há cinco minutos. É óbvio que não estou com vontade de responder às tuas questões. E não tens melhores perguntas ou tens?
– Tenho mais uma. Penso que não vai gostar. Seis alterações hoje, tirou também Salah com 1-0. Acha que essas mexidas tiveram influência no resultado?
– É o meu trabalho, tomo as decisões antes de saber se são as certas. E depois faz parte do trabalho dizer se não tivermos razão. Não tenho problemas com isso, estava certo de que era a decisão correta (…) Há catástofres maiores neste planeta do que fazer apenas um ponto num jogo como este, mas não sabe assim tão bem. E desculpa tudo o que disse antes.
– Obrigado pelo seu tempo.

A frustração foi grande e percebe-se o porquê: desde que assumiu o comando do Liverpool, em outubro de 2015, o alemão tentou travar a feira de vaidades que se tinha visto em Anfield e procurou dar uma novo rumo à equipa, mas continua a não conseguir remediar de forma mais consistente o carrossel de resultados irregulares. Por isso, a Liga dos Campeões, onde as goleadas frente ao Maribor (7-0) e ao Spartak Moscovo (7-0) ficaram na retina, surge como uma espécie de sonho impossível dos reds. Que parece terem ficado felizes com o sorteio.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Após conhecer-se o cruzamento com o FC Porto nos oitavos da competição, a imprensa inglesa fez eco das várias mensagens de adeptos e fãs do Liverpool a agradecerem a Xabi Alonso, ex-campeão europeu pelo clube em 2005 que esteve presente como convidado especial neste sorteio (até o guarda-redes Mignolet considerou o sorteio como “decente”, num sinal de confiança). E há algumas razões para isso, as mesmas que os comandados de Sérgio Conceição tentarão contrariar nos dois jogos que se realizam entre fevereiro e março.

Por um lado, há um histórico desfavorável aos dragões, que não ganharam nenhum dos quatro jogos diante do Liverpool, a contar para a Champions e para a Liga Europa (empates em casa, derrotas fora). Um histórico que se alarga aos confrontos em Inglaterra: em 18 jogos, os azuis e brancos somaram dois empates e 16 desaires. Mais: nos últimos cinco encontros, o FC Porto não conseguiu sequer marcar um golo.

Para quem tem a memória fresca, a segunda vitória dos portistas na Liga dos Campeões, na temporada 2003/04, começou a ganhar forma nos oitavos quando a equipa de José Mourinho conseguiu arrancar um empate em Old Trafford que eliminou o Manchester United, mas essa seria a última vez que os dragões afastariam adversários ingleses, perdendo nas épocas seguintes para Chelsea (2007), Manchester United (2009) e Arsenal (2010) nas fases a eliminar da prova.

O Liverpool é uma máquina de marcar golos, com Philippe Coutinho como grande artista de uma orquestra que conta ainda com o egípcio Salah, o senegalês Sadio Mané, o inglês Daniel Sturridge e o também brasileiro Firmino (e ainda há o ex-Benfica e Sporting Markovic). No entanto, continua a revelar algumas debilidades no plano defensivo, um ponto que Klopp tem vindo a tentar alterar com o passar dos jogos. E é também por isso que o FC Porto, uma equipa com tremenda facilidade para faturar, tem legítimas hipóteses de passar aos quartos-de-final.