O Presidente da República de Cabo Verde agradeceu hoje o apoio da comunidade internacional por causa do mau ano agrícola, na habitual mensagem de fim de ano, em que pediu também mais inclusão e justiça social para 2018.
Jorge Carlos Fonseca dirigiu um “pensamento especial e afetuoso” aos que “se encontram em situação difícil em consequência do mau ano agrícola” e “estimulou o Governo a prosseguir com o apoio a este setor da sociedade e a intensificar os esforços” para encontrar “soluções definitivas para a elevada e crónica vulnerabilidade” provocada pelas sucessivas secas.
“A solidariedade internacional mais uma vez fez ouvir a sua voz em prol de Cabo Verde, o que devo agradecer profundamente. Se mobilizar apoios internacionais foi muito importante, não é menos importante, porém, a sua disponibilização célere às famílias afetadas, mas de forma objetiva e criteriosa”, considerou o chefe de Estado.
Jorge Carlos Fonseca assinalou também o crescimento da economia, mas sublinhou a importância de que esse crescimento se reflita na vida de todos os cidadãos.
“Do ponto de vista de uma economia inclusiva, 2017 ainda não foi o ano em que foram dados passos decisivos na eliminação da exclusão económica. As oportunidades de emprego que vão surgindo com o incremento da economia ainda não são extensíveis a uma vasta parte do nosso território, sobretudo para as pequenas comunidades situadas longe dos grandes centros urbanos”, considerou.
“E nem podemos dizer que, em 2017, também fizemos grandes conquistas em matéria de eliminação, na nossa sociedade, da descriminação e da intolerância face as diferenças. É com muita apreensão que acompanho, atentamente, a persistência de certos fenómenos de exclusão social, económica, cultural”, acrescentou.
Jorge Carlos Fonseca assinalou o aumento, a partir de 01 de janeiro, do salário mínimo de 11.000 (cerca de 100 euros) para 13.000 escudos (pouco mais de 117 euros) e aproveitou a mensagem de fim de ano para anunciar a promulgação do Orçamento de Estado para 2018.
Elogiando várias medidas contidas no documento, Jorge Carlos Fonseca sublinhou, no entanto, a necessidade de “aprimorar o princípio da equidade, designadamente através da justiça fiscal, como uma alavanca para o desenvolvimento, mas, também, como instrumento de justiça social, nomeadamente, fazendo incidir as taxas sobre o rendimento e não sobre as despesas”.
A entrada no elenco governamental de dois novos ministros e seis secretários de Estado, a que o Presidente dará posse em 05 de janeiro, mereceram igualmente a atenção de Jorge Carlos Fonseca.
“O ano que se avizinha exigirá muito trabalho, muita luta, muita determinação. A batalha do desenvolvimento inclusivo e do aprofundamento da democracia terá de prosseguir com opções cada vez mais claras e objetivas. Não temos muito tempo a perder. As expectativas da sociedade continuam muito elevadas e os desafios também. Espero que as recentes alterações introduzidas no elenco governamental contribuam para a resolução dos problemas que nos afetam”, assinalou.
O chefe de Estado destacou também a recente derrota do país na corrida à presidência da Comissão da Comunidade de Estados da África Ocidental (CEDEAO), considerando tratar-se de “um desapontamento” que não deverá alterar “a essência do percurso, nem a vontade de participação ativa” de Cabo Verde nesta comunidade.