A Turquia não vai recuar na sua ofensiva contra uma milícia curda no norte da Síria, assegurou esta segunda-feira o presidente Recep Tayyip Erdogan, adiantando que a operação foi acordada com Moscovo.

“A questão de Afrine será resolvida, não haverá marcha atrás em Afrine. Nós falámos com os nossos amigos russos, temos um acordo”, declarou Erdogan num discurso em Ancara. As declarações ocorrem quando vários países, entre os quais a França, se mostraram preocupados com a abertura de uma nova frente no conflito na Síria, que já causou mais de 340 mil mortos desde 2011.

O exército turco lançou no sábado uma operação de grandes dimensões sobre o enclave curdo de Afrine, no norte da Síria, que já matou pelo menos 11 civis, entre os quais cinco crianças, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

Foram realizados ataques aéreos e bombardeamentos de artilharia contra posições das Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG), uma milícia curda considerada por Ancara uma extensão na Síria do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que combate as autoridades turcas desde 1984.

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Erdogan voltou a acusar os Estados Unidos de armar e apoiar as YPG, aliadas de Washington contra o grupo extremista Estado Islâmico. A coligação internacional anti-‘jihadista’ conduzida por Washington anunciou na semana passada o projeto de formação de uma força fronteiriça no norte da Síria, com 30 mil homens, dos quais metade originários das fileiras das Forças Democráticas Sírias (FDS), aliança de combatentes curdos e árabes.

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, acusou os Estados Unidos de encorajarem o separatismo curdo com o seu projeto para treinar uma força que integra combatentes curdos no norte da Síria.

Moscovo não confirmou oficialmente um acordo com Ancara sobre a operação em Afrine, mas numerosos especialistas consideram que uma grande ofensiva não pode ser lançada sem o aval da Rússia, que controla o espaço aéreo no norte do país. Na semana passada, Moscovo retirou as tropas que tinha em Afrine.

“A operação em Afrine não é contra os nossos irmãos curdos. É uma operação para lutar contra as organizações terroristas”, declarou Erdogan, adiantando que a ofensiva “terminará quando os objetivos forem atingidos”.