A EDP vai entrar na Colômbia com a construção e concessão de uma barragem, reforçando a presença na América Latina, e está a analisar projetos em Moçambique, disse à Lusa o administrador João Marques da Cruz.

João Marques da Cruz adiantou que na Colômbia está em causa a aquisição do direito de construir e explorar um projeto hidroelétrico, com capacidade de 179 MW, designado Talasa, no departamento de Chocó, que é propriedade da Macquarie Development Corporation.

A aquisição que deverá ser concluída nas próximas semanas será em parceria com China Three Gorges (CTG), principal acionista da elétrica liderada por António Mexia, mas que desta vez terá 20% do capital, em vez de 50% como acontece no outro investimento recente na América Latina – a barragem no Peru.

“Talasa tem todas as licenças dadas pelo Estado colombiano, tem prioridade, porque é considerado um projeto de interesse nacional”, acrescentou Marques da Cruz.

A intenção é iniciar “dentro de um ano” a construção da barragem, que representa um investimento de 356 milhões de dólares (292 milhões de euros).

Entretanto, ainda esta década, o responsável de internacionalização da EDP acredita ser possível ter projetos em países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), com Moçambique a ser prioridade devido ao seu “elevado potencial hídrico” e às interligações com a África do Sul.

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“Temos que manter a nossa plataforma de crescimento que é a EDP Renováveis, com a EDP Brasil, e abrir uma nova plataforma de crescimento que é a Hydro Global [parceria com a CTG], vocacionada para projetos hídricos não só na América Latina”, explicou, referindo que é nesse contexto que a empresa está a equacionar “projetos nos PALOP” e “Moçambique está na linha da frente”.

Admitindo que “sem dúvida” é para avançar ainda esta década, o responsável não quis referir os projetos que estão a ser analisados.

Foi através da Hydro Global, que em 2017 a EDP se estreou no Peru, onde em 01 de setembro iniciou a construção de uma barragem, com capacidade de 209 MW, nos Andes, a 3.000 metros de altitude, um investimento de 450 milhões de dólares (369 milhões de euros), começar a produzir em 2022.

“É um trabalho complexo, será a barragem com maior altitude que a EDP tem”, disse Marques da Cruz, realçando que o investimento da elétrica neste mercado não ficará por aqui.

Para o administrador responsável pela internacionalização, “é uma lógica de aumentar o ‘portfolio’ dentro da mesma tecnologia do que uma expansão para outros negócios, sobretudo porque há grandes economias de escala”.

O Peru é “um bom mercado”, considerou, explicando que “é possível haver PPA [power purchase agreement, isto é, acordos para a compra da energia a longo prazo], o que dá a possibilidade de ‘cash flow’ futuros” à empresa.

Na quinta-feira, após o fecho do mercado, a EDP anunciou um aumento em 16% dos lucros atribuíveis aos acionistas para 1.113 milhões de euros, impulsionado pelo crescimento da EDP Renováveis e pela EDP Brasil, que compensou a queda para metade nas operações em Portugal.